3º Encontro de Segurança do Transporte Rodoviário de Cargas do Sudeste-Sul

Panorama do Roubo de Cargas no Brasil é apresentado por autoridades no 3º Encontro de Segurança do TRC, em Florianópolis

Cerca de duzentas pessoas, entre empresários do ramo de transporte de carga, corretores de seguro, lideranças da segurança pública e outros setores relacionados, prestigiaram o primeiro dia do 3º Encontro de Segurança do Transporte Rodoviário de Cargas do Sudeste-Sul. O evento começou na terça-feira, 24 de setembro, e seguiu até a tarde de quarta-feira, 25.

A programação do primeiro dia teve palestrante da alta cúpula da segurança pública da esfera federal. O primeiro deles, Welton Rodrigo Torres Nascimento, é coordenador de gestão de dados da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP) do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).

Ele falou sobre o uso de Big Data e Inteligência Artificial para combater o roubo de cargas no Brasil. Enfatizou que o projeto Big Data forma a arquitetura da segurança pública e consiste em coletar, processar e descobrir informações, além de ter um cronograma específico.

“A ideia é de unificar as informações sobre ocorrências em tempo real”, explicou Nascimento. “O SINESP Busca vai funcionar como o Google da segurança pública, com câmeras em tempo real”, acrescentou.

Victor Bomfim Monteiro, da Secretaria de Operações Integradas (SEOPI), também do Ministério da Justiça e Segurança Pública, falou sobre as atribuições e funcionalidades da repartição.

Ele iniciou a apresentação apresentando o organograma da secretaria e suas competências, que, segundo Monteiro, se resume em assessorar o ministro nas atividades de inteligência e operações. Além disso, a SEOPI trabalha para implementar e modernizar as redes de integração, coordena o Centro Integrado de Comando e Controle Regionais, além de estimular e induzir a investigação de infrações penais.

Da Divisão de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio, Eder Rosa de Magalhães apresentou a forma de atuação da Polícia Federal no combate aos delitos de carga. Ele foi seguido do Inspetor Paulo Guedes de Oliveira, do Grupo de Enfrentamento aos Crimes contra o Patrimônio, da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Oliveira iniciou o discurso com uma explanação sobre o Artigo 144 da Constituição Federal. Ao comentar o sistema de inteligência da PRF, o inspetor defendeu que “no dia em que o Brasil conseguir integralizar as forças das polícias, teremos diminuição ou fim da criminalidade no País”.

Por fim, Getúlio Bezerra dos Santos, do Programa PROTEGER da Confederação Nacional do Transporte (CNT), falou sobre a Nova Fronteira do Crime Organizado, e o coordenador da Comissão Nacional de Combate ao Roubo de Cargas da NTC&Logística e vice-presidente de segurança da entidade, Roberto Mira, comentou as ações da entidade neste sentido.

3º Encontro de Segurança do TRC: SC tem queda de 64% nos furtos e roubos de cargas

De 2017, quando foram intensificadas as ações de combate ao roubo e furtos de cargas, além da receptação, para 2018, a Divisão de Furtos e Roubos de Cargas (DFRC/Deic) registrou queda de 64% nas ocorrências.

Os números foram apresentados pelo Delegado da DFRC, Osnei Valdir de Oliveira, o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, e o comandante geral da Polícia Militar Rodoviária (PMRv), Coronel Evaldo Hoffmann, no segundo dia do 3º Encontro de Segurança do Transporte Rodoviário de Cargas do Sudeste-Sul. Na oportunidade, cada Estado participante apresentou a realidade vivenciada por transportadores de um lado e por agentes de segurança pública de outro. O evento aconteceu nos dias 24 e 25 de setembro, em Florianópolis.

“É honroso para nós, uma federação que está em gigante processo de transformação, obter resultados tão significativos e organizar este evento tão importante, em parceria com a NTC&Logística”, disse, satisfeito, Rabaiolli.

O panorama de Santa Catarina apresenta 606 ocorrências em 2015, 635 em 2016, 572 em 2017 e 207 em 2018, segundo dados da Polícia Civil. Os números representam aumento de 4% de 2015 para 2016, seguido de queda de 10% no ano seguinte e, então, 64% em 2018.

Ao comparar os primeiros semestres de 2018 e 2019, por sua vez, a expectativa é ainda melhor: enquanto no ano passado já havia sido registrado 103 ocorrências, neste ano foram 41, o equivalente à queda de 60%.

A maior incidência de roubos e furtos de cargas nas estradas catarinenses, segundo Oliveira, é no período noturno. E as cargas mais visadas são de carne, polietileno, têxtil, ferroso, maquinários, grãos, cigarros, combustível, peixe, alimentos, diversos e bebidas.

Para reduzir ainda mais as ocorrências, a DFRC/Deic apresentou propostas de articulação com as polícias dos demais Estados. Além disso, salientou a parceria da Fetrancesc, reforçada com a doação de mais uma viatura no Encontro, para fortalecer o trabalho da Divisão e da Segurança Pública.

Polícia Militar Rodoviária – Garantidora da segurança dos motoristas nas rodovias estaduais, a PMRv de Santa Catarina está dividida em dois batalhões: a do litoral, com quatro Companhias e 14 postos, e a do interior, com três Companhias e 10 postos.

São 110 rodovias estaduais, protegidas pela PMRv, com uma malha viária de quase 5 mil quilômetros. E, segundo o Coronel Evaldo Hoffmann, a infraestrutura das rodovias estaduais é um dos principais problemas detectados para os motoristas. Para garantir a segurança nas ocorrências de roubos e furtos de cargas, por sua vez, o comandante falou sobre a presença policial e o trabalho alinhado das polícias.

Ações da Fetrancesc – Para fortalecer o combate aos roubos e furtos de cargas, além de pôr fim aos receptadores, a Fetrancesc iniciou um trabalho intenso em 2017 com os Poderes Legislativo e Executivo, além de unir os transportadores e agentes de segurança, bem como se aproximar das Polícias.

“A Fetrancesc, enquanto federação que representa as empresas do TRC/SC, tomou esta posição: somos aliados do Poder Público e entendemos que esta é a melhor forma de atuarmos”, comentou o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, ao comentar as ações da entidade.

A primeira iniciativa, relatou Rabaiolli no 3º Encontro de Segurança do Transporte Rodoviário de Cargas do Sudeste-Sul, foi a articulação para a Lei 17.405/2017, que cassa a inscrição estadual de empresas receptadoras de carga roubada e para criar a DFRC/Deic. Em seguida, foi criado um grupo de Whatsapp com presidentes, diretores, empresários, delegados e agentes de segurança.

Com a criação da DFRC, a Fetrancesc fez a doação de duas viaturas zero quilômetro: uma em 2018, na criação da Divisão, e outra no primeiro dia do Encontro, em 2019. Além disso, a Fetrancesc alugou um veículo que serviu de viatura descaracterizada para a DIC de Joinville desarticular uma operação do Porto de Itapoá, com a recuperação de carga milionária e condenação dos envolvidos. Por fim, a entidade investiu em divulgação entre os associados sobre o site Recupera Cargas, que integra registros imediatos de ocorrências com o serviço policial.

Panoramas dos Estados Participantes

Espírito Santo – Coronel da Polícia Militar do Espírito Santo, Mário Natali, também presidente da Fetransportes, apresentou os detalhes da Lei 8.246/2—6, alterada pela 10.638/2017, contra o roubo de cargas e a receptação. “O empresário do transporte convive com a falta de segurança nas estradas”, disse.

Ainda segundo Natali, no Estado capixaba há uma proposta de capacitação policial voltada para o combate ao roubo de cargas. Além disso, mencionou a alta de fuga de criminosos pelos dez portos no Estado. Também comentou sobre a delegacia on-line, a convergência de esforços entre órgãos policiais e empresários, bem como frisou que cooperação e integração são palavras-chave para a segurança.

Delegado da Divisão de Repressão aos Crimes contra o Patrimônio (DRCCP), Rafael Correa comentou as ações da polícia do Espírito Santo. Nas rodovias capixabas, as mercadorias preferidas são café e cigarro. Em 2017 foram 62 ocorrências de roubo de cargas, seguida de 38 em 2018 e 11 até setembro de 2019.

Goiás – Coronel Vila Nova, do Exército de Goiás, também acredita que a melhor saída para combater o roubo de cargas seja a integração das polícias. Ele apresentou a realidade no Estado e destacou que a queda na criminalidade faz de Goiás referência nacional em Segurança Pública.

Vila Nova falou sobre o PROCARGA, um programa de prevenção e controle ao roubo de cargas, além de comentar os trabalhos realizados pelos agentes de segurança. A ação de criminosos no segmento, explicou, oscilou bastante de 2014 até 2019: Foram 305 ocorrências em 2014, 452 em 2015, 600 em 2016, 474 em 2017, 400 em 2018 e 86 em 2019 (até então).

Mato Grosso – De acordo com o presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas do Estado de Mato Grosso (Sindmat), Eleus Vieira de Amorim, embora os números não sejam tão altos quanto os dos demais Estados, as ocorrências de roubo de cargas estão crescendo. Em 2017 foram 112 ocorrências, seguidas de 146 em 2018 e 140 até então em 2019. Neste comparativo, reforçou o presidente do Sindmat, houve acréscimo de 19% no saque de cargas, 41% nos furtos e 40% nos roubos.

Minas Gerais – Um grupo técnico, formado por agentes de segurança, tem trabalhado junto à Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (FETCEMG) para combater o roubo de cargas, o que deu origem ao Projeto Carga Segura. Segundo o delegado de polícia, Roberto Azevedo, em 2018 houve 888 ocorrências, contra 465 em 2019.

Paraná – A apresentação da realidade no Estado do Paraná foi feita pelo presidente da Federação das Empresas de Transporte de Cargas do Estado do Paraná (FETRANSPAR), Sérgio Malucelli, e o tenente coronel da Polícia Militar, Manoel Jorge dos Santos Neto. Dos 399 municípios, 105 tem registro de roubo de cargas, de acordo com Malucelli e Neto. No Estado, foi instalado o PROCARGA, da mesma forma em que em Goiás. Além disso, a entidade integra o G7, um grupo de federações do Paraná, cuja atuação é focada no roubo de cargas.

Rio de Janeiro – O presidente da Federação do Transporte de Carga do Estado do Rio de Janeiro (FETRANSCARGA), Eduardo Rebuzzi, falou que o histórico de roubo de cargas nas rodovias cariocas é alto há muito tempo. “Quando eu ingressei nas entidades do setor, em 1993, estes índices já eram elevados”, acrescentou ao apontar que a média é de 20 ocorrências diárias.

O pico de horário das ocorrências, segundo o coronel da Polícia Militar, Rene Gonçalves Alonso, é das 9 horas ao meio dia e o alvo são os medicamentos. “Os criminosos são muito organizados, inclusive existem os gerentes para o roubo de cargas”, destacou ao indicar as favelas como os locais de maior concentração. Em 2018, segundo Coronel Alonso, foram 6.407 ocorrências de roubos de cargas e, até setembro, 2019 já somou 5.252 casos.

O delegado de Polícia Civil da Delegacia de Roubo de Cargas do Rio de Janeiro, Henrique Damasceno, falou sobre a importância das campanhas de conscientização, fiscalização e repressão ao comércio de mercadorias roubadas.

O delegado também comentou o aumento alarmante das ocorrências, que saíram de 3,5 mil em 2013 para 10,6 mil em 2017, além dos números de 2018 e 2019, que, embora tenham reduzido, ainda são assustadores.

São Paulo – O coordenador do PROCARGA de São Paulo, Waldomiro Pompiani Milanesi, apresentou o organograma da Secretaria de Estado de Segurança Pública, com destaque para as polícias Civil, Militar, Científica e Operacional. Destacou que, em 2018, foram registradas 8.738 ocorrências de roubos de cargas no Estado e que alimentos, cigarros, bebidas e eletrônicos são alvo das quadrilhas.

Fonte: Fetrancesc

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