Como tradicionalmente acontece, a produção de veículos começou 2014 devagar. Com 237,4 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus saídos das fábricas, houve queda de 18,7% na comparação com o mesmo mês de 2014. Ainda assim, o saldo foi positivo em 2,9% na comparação com dezembro último, segundo dados divulgados pela Anfavea na quinta-feira, 6.
A entidade dos fabricantes de veículos aponta que muitas montadoras deram férias coletivas aos seus funcionários no período, o que explicaria a retração. “Algumas empresas só retomaram as atividades no dia 20 de janeiro”, conta Luiz Moan, presidente da Anfavea. Com o alto nível de estoques da virada do ano, quando as marcas acumularam unidades com a alíquota antiga do IPI, a maior parte das companhias preferiu prolongar as férias dos funcionários. Janeiro terminou com 320,8 mil unidades estocadas na indústria e nas concessionárias, volume suficiente para 31 dias de vendas.
Colaborou com a redução ainda uma queda importante nas exportações, da ordem de 28,9% na comparação anual, para 25,7 mil unidades. A diminuição dos volumes foi causada, principalmente, pela limitação da liberação de licenças de importação pelo governo argentino, que impede a entrada de veículos brasileiros no mercado da região.
Apesar da queda na produção total, a Anfavea garante que a produção de janeiro de 2014 foi 14% acima da média registrada no mesmo mês dos últimos 10 anos. Curiosamente a evolução do número de empregos nas montadoras, usando a mesma base de comparação, foi de apenas 1,2%, para as atuais 153,1 mil vagas – número que se mantém estável desde dezembro. Para Moan a diferença sinaliza que a indústria nacional ganhou produtividade. “A automatização das linhas de produção é o principal causador deste movimento”, explica.
A Anfavea fez uma correção em sua projeção para a produção de veículos este ano. A associação espera que o setor registre alta de 1,4% o volume de veículos fabricados no Brasil na comparação com o resultado de 2013, para 3,71 milhões de unidades. “Não é uma revisão, é uma correção com base em dados de algumas associadas que tivemos acesso somente após o início de janeiro”, esclarece Moan. A expectativa divulgada inicialmente era de alcançar o mesmo resultado, porém com crescimento menor, de 0,7%, partindo de uma base um pouco mais alta em 2013.
SEGMENTOS
A produção de veículos leves esfriou 20% sobre janeiro de 2013 e 0,3% na comparação com dezembro, para 221,1 mil unidades, com retração tanto entre os automóveis quanto entre comerciais leves. As fabricantes de chassis de ônibus reduziram o ritmo em 16,8% na comparação anual, mas registraram alta de 58% na base mensal, para 2,5 mil chassis. Na contramão, a fabricação de caminhões avançou 9,3% sobre janeiro do ano passado e 86,6% na comparação com dezembro e chegou a 13,7 mil unidades.
Rogério Rezende, vice-presidente da Anfavea e diretor de assuntos governamentais da Scania, explica que a aceleração reflete pedidos feitos ainda em 2013. “É preciso considerar que produtos foram encomendados três ou até quatro meses antes.” A liberação de recursos para o BNDES/Finame foram interrompidas perto da metade de dezembro. Portanto, muitas empresas aproveitaram o fim do ano para dar férias coletivas aos funcionários. Assim, ainda que o financiamento tenha demorado para ser regulamentado em janeiro, as fábricas já iniciaram o ano com uma série de pedidos.
DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO
A Anfavea divulgou análise da participação de cada região do País na produção de veículos. O levantamento mostra que o Sudeste, que tradicionalmente lidera a produção, reduziu sua participação de 81,5% em 2002 para 69,5% em 2013. Ainda assim, em volume absoluto, houve evolução de 77,9% no período, para 2,59 milhões.
Outras regiões ganham espaço. O Norte não contava com nenhuma fabricante em 2002, mas, no ano passado, abrigou a produção de tímida fatia de 0,05%, com a Mahindra. O Nordeste foi responsável pela fabricação de 230 mil veículos em 2013, com evolução de 303,5%, respondendo por 6,2% da produção nacional. O Centro-Oeste teve participação de 2,1% no total fabricado no País, com 78 mil veículos – volume 680% superior ao anotado em 2002. O Sul abrigou 22,2% do total da produção brasileira em 2013, com 829 mil unidades.
A tendência é que essa pulverização se intensifique nos próximos anos, com a chegada de novas fabricantes ao País. Moan aponta que a produção passa por processo de descentralização, com volumes crescentes também fora do Estado de São Paulo, que tradicionalmente detém a maior participação. “Ainda assim, mesmo com a mudança na participação, não há redução dos volumes em nenhuma região.”
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