Parceiros de estradas, caminhoneiros se juntam na hora do jogo e formam torcida

Rogério Vicenti queria estar com a família no PR, mas o jeito foi acompanhar o jogo pelo GPS. (Foto: Cleber Gellio)
Rogério Vicenti queria estar com a família no PR, mas o jeito foi acompanhar o jogo pelo GPS. (Foto: Cleber Gellio)

Se as ruas ficam praticamente vazias na hora do jogo, os postos de combustíveis, nas saídas da cidade, lotam. Caminhoneiros que estão longe de casa e vivem na estrada se juntam e formam verdadeiras torcidas. Se falando em Copa do Mundo, vale tudo para ver a seleção entrar em campo. Vale acompanhar a partida em um televisão minúscula, na boleia do caminhão e até com desconhecidos.

“O negócio é ver o gol”, diz Rogério Vicentini, de 42 anos. Na tarde desta terça-feira (17), ele assistiu o duelo entre Brasil e México pela tela de um GPS, no pátio de um posto localizado na BR-163, saída para São Paulo.

Melhor assim do que ouvir a narração pelo rádio, na estrada. “Parei meio dia. Não fico sem assistir. Também somos brasileiros, comenta. O verde e amarelo estava presente no boné e na camisa.

A concentração maior era dentro da conveniência, mas como a gerência não vende bebidas alcoólicas e proíbe beber dentro do espaço, Rogério preferiu ficar do lado de fora, sozinho, ao lado da latinha de cerveja.

Caminhoneiro há 25 anos, ele acompanhou as últimas Copas assim. Preferia estar com a família, em Guaíra, no Paraná, mas como não é possível, tentou aproveitar da melhor maneira: “Hoje eu fiz costelinha de porco e mandioca no almoço”, conta.

Casa de Minas Gerais, Gleison e Marilda, acompanharam duelo do Brasil com o México pela TV do caminhão. (Foto: Cleber Gellio)
Casa de Minas Gerais, Gleison e Marilda, acompanharam duelo do Brasil com o México pela TV do caminhão. (Foto: Cleber Gellio)

Gleison Francisco dos Reis, 35, também assistiu o jogo no pátio, mas dentro da boleia do caminhão, junto com a esposa, Marilda Aparecida Magalhães, de 34 anos. “Aqui você fica tranquilo. É como se estivesse em casa”, conta o caminhoneiro, que tem 49 anos de profissão.

O casal, de Minas Gerais, está na estrada desde a última sexta-feira (13) e deve seguir viagem na noite desta terça-feira. Gleison gosta de futebol, mas prefere dirigir ao invés de assistir.

“A rodovia fica mais vazia e eu vou ouvindo pelor rádio”, afirma. “Só parei porque tenho que carregar o caminhão”, completa.

O catarinense de Içará, Pedro Duarte, de 65 anos, é torcedor declarado e também é caminhoneiro. “Já passei várias copas na boleia”, relembra. Desta vez, não foi diferente.

A TV de 14 polegadas, de plasma, própria para caminhão, estava ligada, claro, no Mundial. “É a mesma emoção”, garante.

Pedro Duarte também assistiu a partida da boléia. (Foto: Cleber Gellio)
Pedro Duarte também assistiu a partida da boléia. (Foto: Cleber Gellio)

Edson Martins, de 49 anos, comenta a mesma coisa, mas ele preferiu ver o jogo reunido, junto com desconhecidos de estrada. A bagunça é mais emocionante”, diz. É justamente a “bagunça” que incomoda o caminhoneiro Ilissandro de Camargo, que detesta futebol.

“Não posso nem ver. Tenho pavor. Isso aí é a maior perda de tempo. Tenho 1 mil quilômetros para fazer, poderia ter rodado uns 150 já, mas fiquei trancado aqui”, reclamou.

O caminhão dele no meio dos outros e a maioria dos motoristas acompanhavam a partida da conveniência.

Conveniência do posto ficou lotada de torcedores que pararam para assistir o jogo. (Foto: Cleber Gellio)
Conveniência do posto ficou lotada de torcedores que pararam para assistir o jogo. (Foto: Cleber Gellio)

Fonte
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