Anfavea projeta retomada do crescimento do mercado de veículos no segundo semestre

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Os próximos meses ainda são incógnitos quando o assunto é mercado de veículos, mas para a Anfavea, entidade que reúne as montadoras no Brasil, o segundo semestre deve se mostrar um pouco mais alentador com relação ao primeiro.

É o que atesta seu presidente, Luiz Moan, durante a apresentação que abriu os trabalhos do VI Fórum da Indústria Automobilística, promovido por Automotive Business no início de abril, em São Paulo.

“Sem dúvida, as previsões serão menores do que as que estávamos esperando.”, afirmou Moan.  Contudo, o executivo admite que a indústria atravessa um início de ano extremamente difícil, mas faz questão de mostrar certo otimismo, apostando em retomada a partir do terceiro trimestre.

“Tenho ouvido previsões de queda para o ano na ordem de 7%, 10% e até de 12%, a maior que ouvi até agora. Se neste primeiro trimestre a queda das vendas de veículos foi de 17% com relação ao mesmo período de 2014, é óbvio que os próximos meses serão melhores, haverá uma retomada e nossa expectativa é que isso aconteça a partir de agosto ou setembro”, afirma.

O presidente da Anfavea reforça que a entidade já projetava um primeiro trimestre difícil, com o segundo estável e o terceiro de retomada. “O que acontece é que primeiro trimestre veio extremamente complicado, com queda de 17% das vendas”, citando os dados divulgados pela Fenabrave.

Diversos fatores contribuem para este cenário, relembra Moan, entre eles, a restrição do crédito, o aumento do custo de produção em toda a cadeia produtiva (insumos, energia elétrica), o custo crescente na mão de obra, a nova política de ajustes fiscais no Brasil e a crise crescente na Argentina, que segue com situação macroeconômica estagnada, além do agravante das eleições que ocorrem ainda este ano no país vizinho.

Em entrevista a Chico da Boleia, Moan declarou que o atual jogo político também tem impedido uma aprovação rápida do ajuste fiscal, medida que pode ajudar a retomada. “Com essa não aprovação, é evidente que o clima e análise do grau de confiança ficam num viés negativo. Nada causa maior impacto do que a queda da confiança do consumidor e a queda da confiança do investidor. Isso reflete nas retrações bastante contundentes que observamos no primeiro bimestre (-23%) e no trimestre (-17%).”, explicou.

A pesquisa eletrônica, realizada com a plateia durante o painel de abertura do Fórum mostrou que 62,3% dos presentes avaliam que o setor passa por uma crise intensa, enquanto 36,8% analisa a crise como moderada. “Este momento [de crise] é absolutamente pontual e conjuntural. O futuro é extremamente positivo”, opinou Moan.

FUTURO PROMISSOR

Em um estudo interno, a Anfavea aponta que o mercado brasileiro ainda tem muito potencial a ser explorado: dados da entidade indicam que as vendas domésticas chegarão ao patamar de quase 7,5 milhões de unidades em 2034. “Este é o cenário de futuro que nós temos e que justifica a massa de investimento que estamos realizando no Brasil”, defende Moan, acrescentando que o País encerrou 2014 ainda como o quarto maior mercado automobilístico do mundo, posição que deve perder este ano: “Até o fechamento do primeiro trimestre, ainda ocupamos a quarta posição no ranking global. Para 2015, devemos ser o quinto maior mercado”, projeta.

Para sustentar o crescimento do mercado no médio e longo prazos, Moan reforça a necessidade de investimento na cadeia de suprimentos, nas áreas de matéria-prima e autopeças, para que acompanhem o ritmo de aceleração do mercado.

“Temos conversado com o governo a fim de definir um programa para estimular e incentivar a produção de autopeças na região (América do Sul). Reforço que uma montagem mais forte e consistente para as montadoras depende de uma cadeia também mais forte, precisamos trabalhar juntos para construir uma base sólida de produção.”

Questionado sobre o setor de autopeças, ele revela que o programa de rastreabilidade, que prevê o mapeamento dos componentes nacionais, deve começar a funcionar entre maio e junho deste ano. Sobre o dólar, o representante das montadoras diz que no fim do ano passado a entidade projetava algo como R$ 3,10.

Com o efeito de câmbio em alta, a Anfavea tem expectativa de avançar pelo menos nas exportações neste ano, uma vez que as vendas indicam mais uma retração: a projeção anterior era de alta de 1% sobre 2014. Para Moan, este índice será um pouco maior.

Na entrevista realizada por Chico da Boleia, Moan também falou sobre a questão da renovação de frota no Brasil. “Na semana passada colocamos novamente esse assunto em pauta com a Presidenta e Ministros, onde nós esperamos que a Anfavea possa colaborar para a discussão do assunto, bem como colocar isso em prática”, finalizou.

Redação Chico da Boleia com informações de Automotive Business

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