Encomenda de caminhões cresce e já gera recontratações

Após 3 anos de queda, demanda aumenta com renovação de frota de grandes empresas

 s sinais de recuperação da economia ainda são tímidos, mas as encomendas de caminhões por parte das grandes empresas têm ajudado as montadoras a voltar a respirar após três anos de queda nas vendas. A MAN Latin America vendeu 417 veículos para a Ambev, enquanto a Mercedes-Benz anunciou a encomenda de 524 caminhões pela Raízen. Essas duas companhias foram responsáveis por quase 5 mil caminhões negociados pelas montadoras este ano. O aumento das encomendas já permite a volta das horas extras e até recontratações.

De acordo com Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas da Mercedes-Benz, um terço dos 8.227 caminhões que comercializou até agosto foi feito com grandes empresas.

— Começamos a ver a inflexão da curva. As empresas que têm grandes frotas são as primeiras a perceber que o custo de manutenção do caminhão mais velho é maior que o financiamento de um novo — disse.

Roberto Cortes, presidente da MAN Latin America, afirmou que o movimento confirma que está em curso uma leve retomada da atividade no país, como indicam os dados do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre:

— A gestão de grandes frotas prevê idade média dos caminhões de dois a três anos. E prorrogaram muito a renovação da frota. Isso gera um custo de manutenção que, quando se coloca na ponta do lápis, não compensa.

De janeiro a agosto, a MAN vendeu cerca de 2 mil veículos, metade deles para a Protege. Na semana passada, 417 caminhões foram vendidos à Ambev. Com os negócios, a montadora negociou com o sindicato dos metalúrgicos de Resende (RJ) o fim do Programa Seguro Emprego (PSE) e a realização de horas extras em sua fábrica até dezembro. Os empregados trabalharão três sábados por mês.

João Morais, analista da Tendências Consultoria, confirma que há uma volta gradual das decisões de investimento, mas que isso ocorrerá com mais força em 2018.

— O fundo do poço no segmento de caminhões ficou para trás — afirmou, estimando mercado de 51,9 mil unidades este ano e outras 65,9 mil em 2018.

Exportações em alta 

De janeiro a agosto, de acordo com os dados da Fenabrave, que reúne concessionárias, foram comercializados 30,8 mil caminhões, volume 10,71% menor que no mesmo período de 2016.

— Pode parecer um recuo substancial, mas o ritmo de queda nos licenciamentos de caminhões vem diminuindo mês a mês — ponderou Morais.

Antonio Megale, presidente da Anfavea, que reúne fabricantes, a demanda hoje se deve, sobretudo, à necessidade de redução de custo de manutenção de frota. Para ele, só no ano que vem ela virá da recuperação do PIB.

Este ano, a Anfavea estima aumento de 28,2% na produção de veículos pesados. As montadoras devem fabricar 101,5 mil unidades, a maior parte delas será de caminhões. Em vendas, a alta estimada é de 3,6%. Já as exportações devem crescer 23,8%.

A Volvo Latin America recontratou cem pessoas que haviam sido desligadas em 2016. As contratações ocorreram para atender às exportações. Hoje, a montadora exporta 50% de sua produção no Brasil para países da América Latina. O presidente Wilson Lirmann afirmou que os novos funcionários trabalham por tempo determinado, que expira no fim do ano.

A Volvo opera, hoje, com um turno de produção e não está previsto criar outro. Nas cinco linhas em Curitiba (caminhões, chassis de ônibus etc.), trabalham 2.500 pessoas.

Fonte: Epoca Negocios

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