A Cummins não só não teme o futuro como está totalmente preparada para ele. De acordo com o presidente da Cummins no Brasil, Luiz Pasquotto, a companhia garante uma vaga no amanhã ao se tornar cada vez mais uma provedora de soluções de powertrain, seja qual for a matriz energética – elétrica, gás ou qualquer combustível alternativo.
Empresa que tem diesel nas veias em seus cem anos de histórias (que completará em 2019), a Cummins, diz ele, está pronta para a era da eletrificação – uma tecnologia tida por muitos como disruptiva em relação aos motores a combustão.
Sem abandonar o motor a combustão, a Cummins trabalha e investe pesadamente em pesquisa – cerca de US$ 700 milhões por ano globalmente. “A eletrificação virá”, diz Pasquotto. “É inevitável.” Mas até lá, muita coisa ainda precisa acontecer no mundo para que os elétricos dominem totalmente, a começar pelas legislações de cada país.
Há menos de três meses, para provar que já tem a tecnologia, a Cummins homologou o primeiro caminhão elétrico para rodar nos Estados Unidos. Trata-se do protótipo Aeos, cuja autonomia alcança 482 quilômetros em aplicações rodoviárias, entregas urbanas, atividades portuárias e movimentação de contêineres.
O peso bruto total (PBT) do cavalo-mecânico Aeos é de 33,7 toneladas com capacidades para tracionar quase 20 toneladas de carga. As acelerações são até 35% mais rápidas em comparação com um veículo similar equipado com motores de 11 ou 12 litros.
A recarga da bateria de 140 kWh dura uma hora, mas a Cummins já desenvolve uma solução que vai baixar este tempo para 20 minutos até 2020. Também para auxiliar na recarga das baterias há freios regenerativos e painéis solares no teto do caminhão.
Para Pasquotto, em países como o Brasil, onde grande parte da frota de veículos comerciais ainda está no estágio entre o Euro 1 ao Euro 3, poluindo pesadamente, não dá para se imaginar que num curto espaço de tempo haverá uma rápida guinada para o elétrico.
Assim, a companhia entende que há muito espaço ainda para o diesel ou gás ou combustíveis alternativos, como etanol, que no ciclo completo, é tão eficiente em termos emissões zero quanto o elétrico – que pode provocar poluição, dependendo da fonte produtora de energia.
Pasquotto reforça que atualmente os motores a diesel estão bastante desenvolvidos – como no caso do Euro 5 e Euro 6, onde também a Cummins já esta soluções para o mercado brasileiro, com níveis baixíssimos de poluição.
“Em muitos países o diesel ainda terá uma vida útil de pelo menos mais duas décadas”, projeta Pasquotto. Mas, com isso, a Cummins não quer dizer que não incentiva novas tecnologias. “Pelo contrário, incentivamos legislações cada vez mais rigorosas, que incentivem as novas tecnologias em prol da coletividade e do meio ambiente”, afirma Pasquotto.
Cenário interno
No Brasil, após a forte crise que derrubou a produção anual da Cummins de 100 mil para menos de 30 mil motores anuais, a empresa começa a sentir os bons ventos da recuperação. Depois de reavaliar toda a sua operação fabril, logística e readequar o pessoal à realidade do mercado, a empresa projeta uma produção de motores 28% maior este ano em relação ao anterior, alta esta puxada pelas exportações.
Para o ano que vem, a empresa de origem norte-americana prevê crescimento de 15 % a 20%, impulsionada não só pelas exportações como também a recuperação gradual do mercado interno, que deverá crescer até 7%. Para isso se confirmar, será importante, na opinião de Pasquotto, os operadores de transporte começarem a impor a renovação de frota, postergada nos últimos anos em razão da crise econômica.
Pasquotto vislumbra um ar mais otimista no mercado, mas ainda considera que a instabilidade política prejudica a estabilização da economia, que começou a emitir sinais mais claros de recuperação a partir de julho último.
“Estamos muito otimistas em relação ao futuro”, disse Pasquotto. “Coisas muito boas vão acontecer.” O executivo disse que com todos os empresários com os quais tem conversado sente o mesmo estado de espírito no sentido da recuperação econômica, mesmo que de uma forma gradual.
Também embasam a análise otimista de Pasquotto os indicadores econômicos, como inflação baixa, juros e inadimplência em queda, recuperação do emprego e do Produto Interno Bruto (PIB). Além disso, o envelhecimento da frota por conta do adiamento da compra de novos caminhões causará uma maior movimentação do mercado interno.
Fenatran 2017
É com esse ar otimista que a Cummins vai se apresentar na Fenatran 2017, que ocorre de 16 a 20 de outubro em São Paulo. A empresa mostra várias soluções em telemática, filtros, modernização de motores e componentes.
Um dos destaques é a nova aplicação no segmento de caminhões leves com a motorização nacional ISF 2.8 com tecnologia EGR e turbo de geometria variável – recirculação de gases exaustão. Também terá destaque o motor nacional mais vendido da Cummins, o ISF 3.8 com o sistema SCR (Euro 5).
“A Cummins entregou a tecnologia Euro 6 para o mercado europeu em 2014 e, desde então, vem modernizando e aperfeiçoando uma nova plataforma de motores para inserir nos mercados emergentes. Estamos investindo para desenvolvermos produtos Euro 6 mais eficientes, baratos e confiáveis”, diz Adriano Rishi, diretor executivo de Engenharia da Cummins para a América Latina.
Em fase de testes com as montadoras, a motorização ISG 12, marco histórico no processo de desenvolvimento global de engenharia da empresa, é mais uma aposta da Cummins para o sistema de transporte nacional. Inovação no que diz respeito a alta potência e baixo peso (860 quilos) para caminhões acima de 45 toneladas.
O ISG também é uma aposta da fabricante na tendência do downsizing, ao entregar potência de até 510 cavalos oferecidos por meio de um propulsor compacto e leve. O motor, disponível para atender às diversas normas internacionais em requisitos de emissões - Euro 5, Euro 6, EPA 2017 -, é a solução da Cummins para serviços de longa distância.
Soluções
A Cummins vai exibir na Fenatran novidades como o Telematics e o Over The Air, além do Adept e o Fleetguard FIT. Criado nos EUA, o Telematics chega ao mercado brasileiro como uma solução de monitoramento da condição do motor.
Evolução do sistema de soluções conectadas, o Over The Air permite executar atualizações de software do motor enquanto o caminhão ou até uma frota inteira está em operação. A tecnologia ainda está em processo de adaptação no Brasil.
Já o Adept™ é um conjunto de recursos eletrônicos avançados que adapta, de modo dinâmico, às condições momentâneas de funcionamento para operação eficiente do veículo. O sistema vai instalado no motor e verifica automaticamente as condições de aceleração, monitorando em tempo real a performance da máquina de forma quase imperceptível ao usuário final.
Todas essas soluções visam redução dos custos para os operadores do transporte.
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