Caminhoneiros paraguaios fazem greve contra treminhões

Decisão do governo paraguaio dá liberdade para que veículos brasileiros circulem pelo país, levando cargas até o porto de Concepción

Desde a madrugada desta segunda-feira (29) centenas de caminhões estão parados nas rodovias paraguaias. Segundo o portal local ABC Color, o motivo é um acordo entre os governos do Paraguai e do Mato Grosso do Sul que permite, a partir de agora, que os treminhões ou bitrens — caminhões com dupla carroceria — possam levar as safras brasileiras e paraguaias de milho e soja até o porto de Concepción, no Paraguai, onde a carga segue pela hidrovia Paraná-Paraguai.

A carga brasileira viria do município de Ponta Porã (MS), na divisa com o Paraguai e seguiria até o porto fluvial. A permissão para os bitrens valeria por seis meses, durante a época da safra de grãos.

O acordo, no entanto, não agradou em nada os caminhoneiros paraguaios que decidiram fazer uma greve. Eles argumentam que os motoristas brasileiros serão beneficiados com a medida, uma vez que, até agora, os bitrens eram proibidos de circular no Paraguai e que portanto não há motoristas paraguaios dirigindo este tipo de caminhão.

Além disso, os caminhoneiros afirmam que a Rota 5 — a rodovia paraguaia pela qual a carga seria escoada — não possui infraestrutura para suportar os caminhões maiores.

David Ramos, representante da União de Caminhoneiros do Paraguai, afirmou em entrevista à rádio local ABC Cardinal que a “resolução é antipatriótica”.

O Ministério de Obras Públicas e Comunicações, responsável pela resolução, rebate as críticas. Para o governo paraguaio, os caminhoneiros não perderão seus empregos porque a carga que será transportada pelos bitrens não circulava pelo Paraguai e que a passagem da safra brasileira pela região norte do país irá gerar novos empregos.

Em uma nota oficial, o ministério ressalta que o transporte feito pelos bitrens são seguros e que suportam 20% mais carga do que os caminhões paraguaios. O manifestantes afirmam que os bitrens suportam o dobro da carga de um caminhão normal, o que diminui a demanda dos serviços paraguaios.

Os argumentos do governo não convenceram os caminhoneiros que seguem com a greve pelas estradas paraguaias.

Os sindicatos prometem realizar um “caminhonaço” na capital, Assunção. A Polícia Nacional paraguaia já anunciou que vai intervir e organizar o protesto.

Já a Associação de Comerciantes e Industriais de Concepción convocou protestos a favor do acordo que permite a circulação dos treminhões para o final da tarde desta segunda-feira.]

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