Única funcionária a operar guincho no Corredor Dom Pedro quebra tabu: ‘Mulher também pode’

“Quebra bastante aquele tabu que existe até hoje de que mulher tem que ter o serviço em casa, ou que pode trabalhar em escritório, essas coisas. Não. Mulher também pode trabalhar na profissão que ela gosta, motorista.”, afirma.

No horizonte de 297 quilômetros de extensão por onde 450 mil veículos passam diariamente entre 17 cidades, o trecho entre Campinas (SP), Valinhos (SP) e Itatiba (SP) é onde Janaína atua com mais frequência. Sob a luz dos faróis entre 18h e 6h da manhã, a rotina do último ano é do jeito que ela gosta: “Parada a gente nunca fica”, diz.

“Gosto muito de dirigir, é a minha paixão. Eu me sinto bem porque eu estou fazendo uma coisa que eu gosto”, conta.

A certeza de que a estrada é seu lugar a encorajou a buscar uma vaga na concessionária Rota das Bandeiras, que administra o Corredor Dom Pedro I. Habilitada na categoria ‘D’, entregou muitos currículos em busca de uma chance como motorista, ou até no pedágio.

Chegado o dia, a jovem se surpreendeu ao se apresentar na entrevista. Era a única mulher entre seis homens, e foi contratada.

“Bateu aquele medo, mas fiquei bem surpresa. Porque é uma oportunidade de mostrar que mulher também tem capacidade para fazer um trabalho que um homem faz. Foi bem bacana a oportunidade”, lembra.

Entre os 77 funcionários homens que trabalham na operação de tráfego da concessionária, Janaína conta que nunca teve problemas para ser respeitada como profissional. Nos dias em que a TPM transparece, eles percebem, claro, mas ela não se abala.

“Eles logo percebem que a gente está [de TPM] porque a gente fica quieta. Quando fico quieta eles já brincam: ‘Já está de TPM’. Mas eu falo pra eles: Vocês que pensam que homem não tem, viu?”, diverte-se.

“Nunca me desrespeitaram, nunca sofri preconceito. A gente brinca, mas tudo na base do respeito. Mesmo com usuário também nunca tive isso. […] Acho que pode ser uma oportunidade para abrir portas”, completa.