Documentário revela os discursos presentes na greve dos caminhoneiros de 2018

Cena do documentário “Bloqueio” – Foto: Divulgação

Em ‘Bloqueio’, os cineastas Victória Alvares e Quentin Delaroche registraram a movimentação em um dos pontos da greve, no Rio de Janeiro

Era o sexto dia da movimentação nacional de caminhoneiros, que em maio do ano passado conseguiu “parar o Brasil”. Enquanto os telejornais mostravam as filas quilométricas em postos de combustível ou o aumento no preço do tomate, os cineastas Victória Alvares e Quentin Delaroche resolveram ir até uma das centenas de pontos de bloqueio espalhados pelo País, em Seropédica, na região metropolitana no Rio de Janeiro, para conhecer parte daqueles trabalhadores. O resultado está estampado em “Bloqueio”, produção pernambucana que estreia no Recife nessa quinta-feira (15), com sessões no Cinema São Luiz.

“O filme surgiu da falta de compreensão. Havia um emaranhado de narrativas coexistindo naquele momento. Foi pelo desejo de tentar entender tudo isso que a gente alugou um carro e fomos parar na rodovia Presidente Dutra. Mas a gente não sabia que isso se tornaria um documentário. Simplesmente, achávamos que era algo que marcaria a história do nosso País”, comenta Victória, que assina pela primeira vez a direção de um longa-metragem.


A dupla passou três dias na companhia dos caminhoneiros, registrando suas angustias, revoltas e anseios. Além de reivindicações ligadas à melhoria nas condições de trabalho, encontraram uma classe decepcionada com os políticos e que expressa sua frustração pedindo uma intervenção militar. São sintomas de um mal-estar social que, para os diretores, refletiriam no resultado das eleições presidenciais, realizadas cinco meses depois.

“Era um grito de desespero com o qual outros brasileiros também se identificam. Pessoas que acreditam a democracia falhou com elas, porque já não têm há muito tempo certos direitos básicos. O que a gente mais ouvia lá era ‘pior que tá não fica’. É um sentimento compartilhado não só por trabalhadores brasileiros, mas também por quem apoiou o Brexit na Inglaterra, pelos coletes amarelos na França e tantos outros movimentos ao redor do mundo”, comenta.

Victória Alvares, diretora do filme “Bloqueio” – Crédito: Jose Britto/Folha de Pernambuco
Mesmo diante de pautas com as quais não concordam, a postura dos cineastas foi de não criticar os caminhoneiros. Ao longo de todo o documentário, há poucas intervenções dos diretores. A voz que prevalece é a dos personagens, mesmo que estes caiam em contradições em certos momentos.

“Fomos muito sinceros sobre nossa opinião, mas nosso exercício foi sempre o de empatia. Ouvimos as pessoas de igual para igual, sem julgá-las, até porque não temos uma vivência como a deles, que passam até 60 dias longe das famílias, fazem jornadas de trabalho de 14 horas e não recebem vários direitos”, comenta. O filme estreou no ano passado no Festival de Brasília e já passou por vários eventos, como o Janela Internacional de Cinema do Recife.

Fonte: Folha Pe

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