Modismo ou necessidade pela perpetuação do planeta? Vamos falar sobre sustentabilidade!

Tema é ideologia de mudança do setor focado pelas grandes montadoras.

Sustentabilidade é palavra de ordem no vocabulário de qualquer cidadão que tenha o mínimo de preocupação com o futuro. Reciclar o lixo, adotar o consumo consciente e estar informado de o quanto nossas ações influenciam no meio ambiente são atitudes obrigatórias quando pensamos na vida que queremos deixar para as futuras gerações.

Entretanto, e em que pese a relevância do comportamento individual – e exemplos como ir trabalhar de bicicleta ou mesmo carregar seu copo e canudo evitando o uso de descartáveis –, é indiscutível o fato de que mudanças também precisam partir dos “líderes” da humanidade para terem real impacto.
Ou seja, é fundamental que o tema torne-se presente na rotina das grandes corporações, das indústrias, dos líderes econômicos e, claro, dos governantes (através de políticas públicas que construam um caminho sustentável para a humanidade).

Diante deste cenário, é significativo o olhar do setor de transporte de cargas em busca de atitudes sustentáveis como vimos com destaque durante a edição 2019 da FENATRAN, sendo a discussão liderada pelas principais montadoras mundiais. Isso porque quando falamos de transporte rodoviário de cargas a matriz energética é a queima de diesel.

Atualmente, quase 37% das emissões de carbono no mundo são resultado da queima de combustíveis fosseis, sendo este o fator principal. A agricultura, segunda da lista, responde por cerca de 30%, segundo relatórios internacionais. As emissões de dióxido de carbono CO2 interferem no aquecimento global, uma vez que é um dos gases que causa o efeito estufa.

No último dia 25 de novembro, a Organização Meteorológica Mundial (OMM), ligada à Organização das Nações Unidas (ONU) voltou a chamar a atenção para o tema. Segundo a entidade, a concentração dos principais gases do efeito estufa na atmosfera alcançou recorde em 2018, com a marca de 407,8 partes por milhão (ppm). Ou seja, nível 147% maior que o pré-industrial de 1750. O gráfico mostra que as emissões resultantes da queima de combustíveis fósseis passou de 9,28 bilhões de toneladas de CO2 em 1959 para 37,1 bilhões de toneladas de CO2 em 2018 (um crescimento de 4 vezes em cerca de 60 anos).

Segundo cientistas mundiais, a última vez que a Terra registrou uma concentração de CO2 como a 2018 seria comparável entre 3 a 5 milhões de anos atrás. Medidas rumo a desaceleração das emissões dos gases são urgentes e fundamentais para amenizar as mudanças climáticas.

MAS AFINAL, O QUE É SUSTENTABILIDADE?

Sustentabilidade é uma característica ou condição de um processo ou de um sistema que permite a sua permanência, em certo nível, por um determinado prazo. Ultimamente, este conceito tornou-se um princípio segundo o qual o uso dos recursos naturais para a satisfação de necessidades presentes não pode comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras.

Trocando em miúdos, segundo o Relatório de Brundtland (1987), o uso sustentável dos recursos naturais deve “suprir as necessidades da geração presente sem afetar a possibilidade das gerações futuras de suprir as suas”.

O conceito é complexo, pois atende a um conjunto de variáveis interdependentes, porém deve integrar as questões sociais, energéticas, econômicas e ambientais.

• Questão social: é preciso respeitar o ser humano, para que este possa respeitar a natureza. E do ponto de vista humano, ele próprio é a parte mais importante do meio ambiente.

• Questão energética: sem energia a economia não se desenvolve. E se a economia não se desenvolve, as condições de vida das populações se deterioram.

• Questão ambiental: com o meio ambiente degradado, o ser humano abrevia o seu tempo de vida; a economia não se desenvolve; o futuro fica insustentável.

E O QUE VEM POR AÍ QUANDO FALAMOS EM ESTAR NAS ESTRADAS?

Scania e Mercedes, que juntas são líderes de vendas no Brasil, apostam nas linhas dos chamados sustentáveis – seja por utilizarem combustíveis renováveis, seja por usarem tecnologias com a função de diminuir impacto ambiental do transporte. “Penso que antes mesmo de falar em combustível alternativo, é importante pontuar que a nova geração de caminhões da Scania traz uma melhor eficiência energética, com uma economia de até 12%, o que já vem ao encontro da preocupação o ser sustentável. O mercado tem a obrigação de pensar e trazer soluções ao tema”, diz Paulo Genesini, gerente de pré venda da marca no Brasil.

Durante a FENATRAN, a Scania apresentou dois “ecopesados”, um movido à gás natural veicular (GNV) e outro 100% a gás natural liquefeito (GNL), ambos também rodam com biometano. A montadora assumiu mundialmente o compromisso de liderar uma transformação no setor, com foco no cuidado com o meio ambiente. “temos uma série de medidas… Se hoje falarmos em carros elétricos, eu te diria que estamos preparados, mas acho que é um passo de cada vez. Hoje, a chegada dos movidos à gás é um grande acontecimento. Importante pensarmos que não se trata de veículos adaptados, não vem com um kit transformação, mas sim uma tecnologia desenvolvida para esse combustível alternativo.”, explica Genesini.

FOTO: Scania R 410 GNC (gás natural comprimido)

O discurso tem alvo: convencer os consumidores que não haverá perda econômica na opção pelo novo. “O biometano é orgânico, ou seja, qualquer aterro é fonte para produzir esse combustível”, destaca. “Outra coisa é entender que, apesar de um investimento inicial um pouco maior, uma vez que os novos caminhões custam cerca de 30% a mais, ao longo do tempo, o motorista, o dono do veículo, terá redução de gastos. Fizemos testes por quase um ano e notamos que, quando olhamos para a redução de consumo de combustível na operação, ela pode ser de 15% ao ano.”

Porém, nem tudo são flores. A própria Scania, através de seus representantes, sabe que o futuro depende de parcerias. “Precisamos dos que se preocupam com a tecnologia limpa, de políticas conscientes, do apoio dos embarcadores. Um exemplo é que hoje, na Europa, alguns países já possuem corredores azuis ou incentivos como não pagar pedágios para os que usam combustíveis limpos”.

No Brasil, não se pode deixar de registrar que a autonomia dos veículos movidos a GNV é menor. Primeiro porque a legislação nacional limita os cilindros dos veículos, em seis toneladas. Com isso, o “tanque cheio” poderia rodas até 550 quilômetros, apenas 50% do que faz um com diesel, por exemplo. Outro problema a ser pensado é que o abastecimento dos novos combustíveis ainda não atinge o Brasil todo. Assim, não funcionará para todas as rotas.

Em julho, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciou o plano de estimular o uso do GNV em veículos pesados, mas ainda pouco concreto.

Já a Volvo iniciou neste ano, na Europa, as vendas do caminhão FL elétrico e demostra interesse de produção do veículo no Brasil, segundo maior mercado da marca sueca, atrás dos Estados Unidos. Durante a FENATRAN 2019, a marca anunciou que o produto será o mesmo da Europa, mas com desenvolvimento focado nas particularidades do mercado brasileiro.

FOTO: Volvo FL elétrico

A atual líder de mercado no Brasil no extrapesados, a Mercedes-Benz também está em sintonia com o tema. Ela aposta no uso do HVO (Hydrotreated Vegetable Oil ou Óleo Vegetal Hidrotratado) como solução imediata para reduzir a emissão de gás carbônico no Brasil.

“Por sua tradição histórica e as grandes reservas existentes, o diesel é o combustível mais usado no Brasil e no mundo. Mas temos que investir em outras alternativas e o biocombustível de 2ª geração, como o HVO, é uma solução muito interessante que pode ser implementada já”, ressalta Camilo Adas, gerente sênior de Desenvolvimento de Produto da Mercedes-Benz do Brasil. “Para que isso aconteça é necessário torná-lo economicamente viável”.

FOTO: Novo Mercedes-Benz Actros

Segundo ele, o Brasil é rico na oferta de produtos de origem vegetal e gordura animal, criando possibilidades para a produção de biocombustíveis como o HVO. “Outra grande vantagem desse biocombustível é que não é necessária nenhuma alteração na infraestrutura de logística de distribuição ou na garagem da empresa de transporte, o que viabiliza ainda mais o uso imediato”, destaca Adas.

TEXTO: Adriana Giachini – Redação Chico da Boleia | FOTO: Divulgação Internet
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