Emplacamentos de autos e leves disparam na segunda quinzena de junho, que fecha positivo.

O volume de efetivação das vendas passou a superar o volume diário de 5 mil unidades, chegando a mais de 22 mil nos últimos dias do mês. (Foto: reprodução/Freepik)

Emplacamentos de autos e leves disparam na segunda quinzena de junho, que fecha positivo

De acordo com a FENABRAVE, semestre registra alta de 14% no setor em geral

A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (FENABRAVE) divulgou nesta terça-feira, que a MP – Medida Provisória nº 1.175, editada pelo Governo Federal em 6 de junho, e que dispõe sobre mecanismo de desconto patrocinado na aquisição de veículos sustentáveis, atingiu seu objetivo e aqueceu o mercado de automóveis e comerciais leves de até R$ 120 mil, que começa a mostrar sua curva de recuperação.

Na avaliação da entidade, que representa 7.400 concessionárias de veículos no país, o Governo Federal foi extremamente feliz ao lançar a Medida Provisória beneficiando, principalmente, quem mais demandava, que eram os consumidores.

Segundo a FENABRAVE, o maior movimento dos emplacamentos se deu, especialmente, a partir do dia 20 de junho, quando o volume de efetivação das vendas passou a superar o volume diário de 5 mil unidades, chegando a mais de 22 mil nos últimos dias do mês – desempenho similar ao alcançado em 2012, ano de recorde histórico de emplacamentos no País, quando mais de 3,6 milhões de autos e leves foram comercializados ao mercado interno.

“Até a publicação da Medida Provisória, em 6 de junho, os consumidores estavam em compasso de espera, pois o MDIC havia anunciado, em 25 de maio, que algum incentivo seria oferecido em breve. Após a publicação, houve o tempo de troca de notas fiscais entre Concessionárias e Montadoras, a habilitação das montadoras aos créditos tributários e, enfim, o início do atendimento aos pedidos dos clientes, que foram os mais beneficiados com a medida, que era o nosso principal objetivo, já que o consumidor final foi quem mais perdeu poder de compra nos últimos anos”, comentou Andreta Jr., presidente da FENABRAVE.

O presidente da entidade explica que alguns entraves inviabilizaram que o sucesso da Medida Provisória aparecesse mais em junho. Segundo Andreta Jr., o prazo médio entre o fechamento da venda de um veículo e seu emplacamento costuma demorar cerca de 15 dias. Soma-se a isso o fato de que, após a publicação da MP nº 1175, Concessionárias e Montadoras tiveram de realizar trâmites de ajustes de notas fiscais e alguns DETRANs – Departamentos Estaduais de Trânsito ainda enfrentaram problemas de lentidão em seus processos.

“Esse cenário fez com que o salto nos emplacamentos fosse observado apenas na última semana do mês, mas já foi suficiente para termos um resultado melhor que o de maio. Isso nos mostra que os primeiros dias de julho poderão ser positivos, pois devem refletir emplacamentos de vendas realizadas e não registradas em junho”, analisa.

O sucesso da MP nº 1.175 foi tamanho que os R$ 500 milhões destinados aos segmentos de automóveis e comerciais leves já se esgotaram, o que fez com que o Governo Federal realizasse novo aporte de R$ 300 milhões em descontos tributários. “A iniciativa do Governo foi essencial para o setor e para o consumidor brasileiro, que é quem, de fato, precisa desses incentivos. Ficou claro que milhares de brasileiros estavam apenas esperando uma oportunidade para poderem adquirir um veículo novo. Nosso objetivo era exatamente alcançar os três principais fatores: preço acessível ao poder de compra, sustentabilidade e densidade fabril”, diz o Presidente da FENABRAVE, que reconheceu que, além dos incentivos do governo, também as montadoras adicionaram descontos a alguns modelos, assim como os bancos dos fabricantes lançaram taxas atrativas para fomentar os financiamentos aos veículos que fizeram parte do pacote de benefícios.

Como o novo aporte de recursos deve se esgotar ainda em julho, a FENABRAVE se mostrou preocupada com os resultados das vendas nos próximos meses e está preparando um projeto para apresentar ao Governo Federal, a fim de oferecer uma solução que vise o crescimento sustentado para o setor automotivo, sem perdas de arrecadação.

“O Governo e seus ministérios têm se mostrado muito abertos a ouvir medidas propositivas de crescimento econômico, e a FENABRAVE tem sido convidada a demonstrar seus pontos de vista. Quero ressaltar que sempre estaremos à disposição para colaborar nessa discussão. Essa primeira iniciativa de impulso ao mercado de veículos foi um sucesso e tenho a certeza de que, junto ao Poder Público, encontraremos novas alternativas para buscar o crescimento contínuo”, finaliza Andreta Jr.

Dados de junho e balanço 1º semestre

Em junho, o setor em geral registrou alta de 10,3% sobre junho de 2022. No semestre, a alta foi de quase 14% nos emplacamentos de todos os segmentos automotivos somados, lembrando que, em 2022, o desempenho dos seis primeiros meses do ano foi impactado por fatores como a guerra na Europa e a falta de peças e componentes na indústria. “Todos os segmentos registraram alta no volume, com exceção de caminhões, categoria que teve de se ajustar à nova tecnologia de emissões (Euro 6) na primeira metade de 2023”, diz o Presidente da FENABRAVE.

Projeções

Com a atual volatilidade do cenário econômico e diante da possibilidade de elaboração de novas políticas públicas de fomento ao setor automotivo no País, a FENABRAVE decidiu não rever, ainda, suas projeções para 2023, mantendo uma expectativa de crescimento de 3,3% nos emplacamentos para o ano, considerando todo o setor.

Emplacamentos em junho e acumulado do ano

Caminhões

Embora o setor de transporte de cargas tenha sido contemplado com R$ 700 milhões pela MP 1.115, o presidente da FENABRAVE destaca que o segmento de caminhões passa por um momento difícil, apresentando queda tanto em junho quanto no semestre deste ano. Segundo Andreta Jr., o segmento ainda sofre com os juros elevados e aumento da inadimplência, o que dificulta o financiamento de produtos EURO 6, em função dos novos preços. “O mercado tem mostrado cautela para finalizar a aquisição de veículos novos, em função dos preços dos produtos com a nova tecnologia”.

Apesar de ser o segmento que mais recebeu descontos tributários, a Medida Provisória não gerou negócios. “Principalmente os profissionais autônomos aguardam o programa RENOVAR, que está em discussão entre o governo e as entidades do setor, e que visa promover a renovação gradativa da frota. Ou seja, eles irão trocar os caminhões de mais de 20 anos, por um de 15 anos; ou um de mais de 15 anos, por um de 10 anos, e assim sucessivamente”, afirma Andreta Jr.

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