País registra mais de 108 mil acidentes de trânsito envolvendo veículos de cargas entre 2022 e 2023

(Foto: divulgação/Chico da Boleia)

País registra mais de 108 mil acidentes de trânsito envolvendo veículos de cargas entre 2022 e 2023

Na Semana Nacional do Trânsito, Governo Federal reforça a importância de mudanças no comportamento dos motoristas e aplicação de medidas que garantam o aumento da segurança viária

Redação Chico da Boleia

Durante os dias 18 a 25 de setembro, é realizada a Semana Nacional do Trânsito. Prevista no Código de Trânsito Brasileiro (CTB), a iniciativa tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da segurança viária, incluindo debates e ações que a garantam, e, principalmente, a preservação das vidas de motoristas e demais usuários das vias.

Seja por falha humana ou falta de infraestrutura nas estradas e rodovias do país, os acidentes resultam em milhares de vítimas, fatais ou não. Dados do Instituto Paulista de Transporte de Cargas revelam que entre janeiro de 2022 e fevereiro de 2023 foram registrados mais de 108 mil sinistros envolvendo somente veículos de cargas, sendo a maioria composta por caminhão trator (37%) e caminhonetes (30%). Já os caminhões representam cerca de 25% dos casos.

Para Alysson Coimbra, médico e diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Trânsito (AMMETRA), a Semana Nacional do Trânsito busca estabelecer conexões entre todos os envolvidos no sistema. A partir do princípio básico da educação, fiscalização e engenharia de tráfego, promove discussões e reflexões para tornar o deslocamento humano mais seguro, democrático e sustentável. “É uma oportunidade para discutir políticas de acalmamento de tráfego, proteção aos mais vulneráveis, acessibilidade e inclusão social”.

Os fatores que levam a ocorrência de acidentes de trânsito são diversos e incluem falha humana e mecânica, condições climáticas, infrações de trânsito por parte dos motoristas, falta de infraestrutura e fiscalização, e também a conscientização de condutores e empresas de transportes.

“Atravessamos indiscutivelmente um momento crítico em nossas ruas, estradas e rodovias. O fator humano associado à falta de gestão e intervenções estratégicas para reduzir a sinistralidade e letalidade de pontos críticos colabora com a curva ascendente de feridos e mortos no trânsito. Precisamos restabelecer a presença contínua das forças de segurança para punir e coibir infrações e crimes de trânsito. Há 15 anos a Lei Seca segue fazendo a diferença pela preservação de vidas, porém a inoperância sistemática de muitos Estados a não adotarem o consagrado modelo de fiscalização da Operação Lei Seca, torna essa fiscalização sazonal é ineficaz. Drogas e substâncias psicoativas tomaram conta do transporte rodoviário de cargas e seguem provocando eventos cada vez mais trágicos pelo peso e dimensões desses veículos conduzidos por criminosos que combinam direção e substâncias proibidas. O drogômetro precisa ser liberado para uso inicialmente pela Polícia Rodoviária Federal, e gradativamente ser implantado nos Estados”, destaca Alysson.

Ainda de acordo com o especialista, a insegurança nas cidades já seria em parte reduzida a partir da obrigatoriedade de realização de teste de alcoolemia para toda e qualquer abordagem a veículos. Pecamos por não aplicarmos a política do medo de ser fiscalizado, e as decisões heterogêneas da Justiça alimentam a sensação de impunidade para crimes de trânsito.

“A cidade originalmente é dos pedestres, e a circulação de veículos é uma concessão social que só prejudica os mais vulneráveis. Ao invés de priorizarmos a dinâmica do fluxo de veículos, devemos promover um acalmamento de tráfego, restrição de circulação de veículos em áreas com maior número de pedestres, reduzir áreas de estacionamento em regiões mais movimentadas afim de estimular o uso do transporte público e da mobilidade ativa (caminhada e bicicletas por exemplo). Porém isso só será possível quando as cidades oferecerem minimamente uma percepção de segurança aos usuários da via, garantida minimamente por boa condição de pavimentação, iluminação, segurança e fiscalização”, ressalta Coimbra.

No início da semana, o Governo Federal, por meio da Secretaria Nacional do Trânsito (Senatran) do Ministério dos Transportes, lançou um programa que irá premiar os municípios brasileiros que cumprirem as metas de redução de sinistros previstas no Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito (Pnatrans). Até 2030, a intenção é reduzir em 50% o número de feridos e mortos nas vias do país.

“Infelizmente, o Brasil falhou e não atingiu a meta de redução de mortos e feridos no trânsito em pelo menos 50%. O PNATRANS tem sido um importante projeto do Governo Federal para estipular metas e compromissos pela segurança viária que, consequentemente, poderão reduzir esses elevados números de mortos e feridos”, reforça Alysson.

Questionado ainda sobre o que poderia ser mudado na legislação brasileira, principalmente quando o assunto envolve acidentes com vítimas, o especialista comenta que a falta de fiscalização e a flexibilização de leis são estímulos a adoção de comportamentos infracionais e a subvalorização da vida.

“São inúmeros os episódios que semanalmente se repetem nos centros urbanos envolvendo motoristas sob influência de álcool e/ou drogas e pessoas que não saíram de casa com a intenção de morrer. Precisamos avançar no entendimento de que o motorista que faz essa combinação perigosa e criminosa e já exaustivamente conhecedor dessa ilegalidade, não possui condições psicomotoras de evitar o sinistro. A partir desse raciocínio não se pode aceitar a alegação de homicídio culposo por culpa consciente, e sim de crime doloso na modalidade de dolo eventual. Certamente a partir do momento em que os inquéritos policiais seguirem essa linha, teremos punições exemplares que acarretarão um efeito cascata para o desestímulo à essa direção criminosa”, conclui Coimbra.

Ações da Semana Nacional do Trânsito

Com o tema “No trânsito, escolha a vida”, a mensagem para as Campanhas Educativas de Trânsito deste ano direciona as atividades da SNT para a mobilização da sociedade em busca de uma cultura de segurança no trânsito mais sólida e consistente.

O cuidado com os mais vulneráveis, o acalmamento do tráfego, a acessibilidade e sustentabilidade são as ideias centrais associadas tanto à Semana da Mobilidade quanto à Semana Nacional de Trânsito, direcionando as campanhas educativas durante este período.

Clique aqui e confira as atividades/ações disponíveis em cada estado.

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