Safra agrícola, lei do caminhoneiro e alta do diesel pressionaram custo do frete

A supersafra de grãos e a nova lei dos caminhoneiros, que passou a disciplinar a jornada de trabalho dos motoristas e entrou em vigor em janeiro, está fazendo com que haja um aumento atípico nos preços dos fretes agrícolas neste ano, de acordo com a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP).

Olhando dados do Sistema de Informações de Frete (Sifreca) da escola, referente aos preços praticados em commodities agrícolas, a economista Priscilla Biancarelli Nunes nota que foi registrado aumento de até 30% nos fretes desde o fim do ano passado. “Depende de cada produto e da sazonalidade. Mas chegou a essa diferença no momento de pico”, diz ela.

O aumento da safra de grãos e do preço do diesel, aliados à mudança no motor dos caminhões e à lei que rege os motoristas estão pressionando os custos das empresas de frete neste ano no país. De acordo com a NTC&Logística, entidade que reúne as principais transportadoras do país, o custo médio para as empresas subiu 8,21% neste ano até o fim de abril.

O cálculo ainda não inclui o gasto maior com os caminhoneiros, que cresceu em função da nova lei que entrou em vigor a partir de janeiro. De acordo com Nelto Gonçalves dos Reis, diretor técnico da NTC&Logística, apenas a lei que obriga os caminhoneiros a fazer paradas de meia hora a cada quatro horas de viagem e os impede de dirigir mais do que dez horas por dia aumentou o custo com mão de obra entre 15% e 30%, dependendo do serviço. “Haverá mais pressão neste item, porque em maio tem dissídio na categoria, que está sendo fechado em média com um aumento de 9% nos salários”, afirma.

Outro fator que levou ao encarecimento dos fretes neste ano foi a obrigatoriedade de motores Euro 5 nos caminhões, que são menos poluentes, mas aumentaram o preço dos veículos entre 10% e 15% para as empresas, segundo a NTC&Logística. Em função da nova exigência, o preço para se alugar um caminhão para frente cresceu 3%. O diesel também pressionou o transporte rodoviário. Foram dois aumentos este ano, de 5,4% e 5%.

Priscilla, da Esalq, diz que não dá para dizer que o aumento dos fretes seja a principal razão para o aumento mais forte dos alimentos no varejo. “Mas houve sim uma influência”, diz ela.

Intelog

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