A cada meia hora um motorista é autuado por embriaguez no Brasil

Segundo levantamento feito pela PRF, entre janeiro e maio de 2022 foram aplicados 1.123.120 testes de alcoolemia em motoristas que transitaram pelas rodovias federais de todo o Brasil. (Foto: reprodução/Freepik)

A cada meia hora um motorista é autuado por embriaguez no Brasil

Dados da PRF revelam que, entre janeiro e maio de 2022, 7.477 condutores foram flagrados no bafômetro em rodovias federais

De janeiro a maio de 2022 a Polícia Rodoviária Federal (PRF) autuou 7.477 motoristas por dirigirem sob o efeito de álcool. Isso significa que, a cada meia hora, um condutor alcoolizado foi retirado de circulação nas rodovias federais brasileiras. Segundo dados fornecidos pela instituição, outros 19.093 também foram impedidos de dirigir por se recusarem a fazer o teste do bafômetro. Esses são os resultados de um aumento de 2.308% na fiscalização das rodovias. “A fiscalização é a principal arma que as autoridades de trânsito têm para salvar vidas. A retirada de circulação desse infrator evita sinistros, ferimentos e mortes, e contribui para a segurança de todos. É por isso que as entidades que atuam pela segurança viária insistem tanto no reforço da fiscalização”, afirma o diretor científico da Associação Mineira de Medicina do Tráfego (Ammetra), Alysson Coimbra.

Segundo levantamento feito pela PRF, entre janeiro e maio de 2022 foram aplicados 1.123.120 testes de alcoolemia em motoristas que transitaram pelas rodovias federais de todo o Brasil. No mesmo período de 2021, esse número foi de apenas 48.649 testagens.

Na avaliação de Coimbra, os dados indicam não só o aumento da fiscalização, mas também o crescimento de um comportamento criminoso: dirigir sob o efeito de álcool e drogas. “O trânsito foi o espaço coletivo mais afetado pelos inevitáveis danos mentais e psicológicos da pandemia. Motoristas ansiosos, imprudentes, agressivos e violentos se envolvem mais em ocorrências de trânsito e infringem as normas de circulação mais frequentemente, quer seja pela desatenção ou pela direção insegura. Isso também leva ao abuso de drogas e álcool”, afirma o especialista.

Vidas salvas

A Lei Seca, que completou 14 anos em junho, é uma das maiores aliadas da segurança no trânsito brasileiro. Estima-se que, nos primeiros 8 anos de implantação, mais de 41 mil vidas foram salvas e R$ 558 bilhões em tratamentos de saúde foram economizados. “A Lei Seca tornou-se indispensável para a segurança de todos e podemos afirmar que o número de vidas salvas é muito maior que o divulgado por causa também dos efeitos indiretos da conscientização e/ou intimidação pelo rigor da lei. A sociedade abraçou a causa e agora o desafio é tornar ainda mais dura a vida daqueles que bebem ou usam drogas e insistem em dirigir. Uma das medidas que devem ser adotadas é a implantação dos drogômetros, fundamental para evitar que o motorista migre do consumo de álcool para outras drogas quando for dirigir”, diz Coimbra.

Conscientização

Mas apesar de todos os benefícios, ainda há motoristas que insistem em beber e dirigir, violando a lei. A recusa em se submeter ao teste, quase três vezes maior que o número de autuados, é um indicativo de que a embriaguez ao volante é um problema ainda maior. Segundo o Anuário Estatístico divulgado pela PRF em 2021, 4.629 sinistros foram provocados por condutores que dirigiam sob o efeito de álcool ou drogas. E 22.482 pessoas foram autuadas por se recusarem a soprar o bafômetro.

Esses sinistros provocaram a morte de 220 pessoas e deixaram outras 3.896 feridas, 990 delas com gravidade. “Uma vida perdida para a violência no trânsito impacta diretamente inúmeras outras pessoas além dos familiares, criando uma cadeia silenciosa de dor e sofrimento”, diz Coimbra.

Além desse impacto social, essa insegurança impacta diretamente os cofres públicos. “Feridos graves exigem gastos exorbitantes com hospitalização, tratamento e afastamentos do trabalho. Obviamente que não se questiona o gasto com a assistência às vítimas, mas sim porque esse ciclo vicioso e, principalmente, evitável, enfrenta uma histórica negligência do Poder Público”, diz o especialista.

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