Bastidores da Pesquisa CNT de Rodovias: a preparação

Foto: Marcos Borges

Agência CNT de Notícias publica série de reportagens que detalham como é feito o mais completo levantamento sobre a infraestrutura rodoviária brasileira

Lá se vão mais de duas décadas desde a publicação da primeira edição da Pesquisa CNT de Rodovias, realizada pela Confederação Nacional do Transporte e pelo SEST SENAT. O levantamento, que começou com a análise de pouco mais de 15 mil km de malha, se aproxima de 106 mil km analisados em 2017, na sua 21ª edição. Um trabalho complexo, executado em várias etapas por um time multidisciplinar: são mais de 100 pessoas envolvidas, entre engenheiros, estatísticos, economistas, gestores de tecnologia da informação, geógrafos, profissionais de geociência, especialistas em geoprocessamento e técnicos de diversas áreas.

Juntos, concretizam o estudo que se consolidou como o mais completo e abrangente (além de ser a maior série histórica) sobre as condições da infraestrutura rodoviária brasileira. “Viabilizar a Pesquisa CNT de Rodovias envolve um trabalho complexo de planejamento, treinamento da equipe de campo, coleta de dados, análise das informações e apresentação dos resultados. O método de coleta baseia-se em normas técnicas nacionais e internacionais, amplamente reconhecidas”, diz o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista. Isso garante a qualidade das informações que são disponibilizadas.

Tudo começa com uma cuidadosa preparação das rotas a serem avaliadas e de como o trabalho será executado. A definição dos trechos é feita de forma compatibilizada com o SNV (Sistema Nacional de Viação). A pesquisa abrange toda a malha federal pavimentada e os principais trechos de rodovias estaduais.

O rigor também está presente na seleção e na capacitação dos pesquisadores que vão a campo. Em 2017, após análise curricular, simulados e provas, oito pessoas – de um universo de 400 candidatos – foram classificadas para integrarem a equipe.

Ao todo, 29 avaliadores foram a campo neste ano. Parte do grupo é formada por veteranos, pesquisadores que participaram de levantamentos anteriores. Todos passam por um intenso treinamento, com fases teórica e prática. “Nós explicamos toda a metodologia da pesquisa, o uso dos equipamentos e como coletar os dados. Isso é essencial para padronizar o conhecimento e a forma de coleta feita pelos pesquisadores”, diz a coordenadora de Desenvolvimento e Transporte da CNT, Fernanda Rezende.

A observação das variáveis que compõem as características pavimento, sinalização e geometria da via é baseada em normas do Dnit e em outras referências, como o MID (Manual para Identificação de Defeitos de Revestimentos Asfálticos de Pavimentos) – que apresenta nomenclaturas, definições, conceitos e métodos de levantamento referentes aos principais defeitos de revestimentos asfálticos – e o HCM (Highway Capacity Manual) – que traz definições sobre características das rodovias, métodos de análise da capacidade e da qualidade operacional de sistemas de transporte. Esses são referenciais que embasam o Modelo CNT de Classificação de Rodovias, metodologia utilizada pela Confederação na análise de dados.

Coleta de dados acompanha avanços


Em duas décadas, a Pesquisa CNT de Rodovias foi aperfeiçoada com a adoção de novas ferramentas tecnológicas. Quando o levantamento teve início, eram utilizados guias comerciais, como revistas especializadas, para definição das rotas. Hoje, todo o planejamento é feito a partir de um sistema informatizado e a elaboração de mapas ocorre na CNT.

Neste ano, por exemplo, foram gerados mais de 2.400 mapas dos trechos que integram a pesquisa, acompanhados de imagens de satélites e informações detalhadas. Esse material compôs, pela primeira vez, memoriais descritivos, que apoiaram o trabalho dos pesquisadores.

Outras novidades foram a adoção de tablets e de um sistema automatizado de atendimento às equipes, o que agilizou o envio de informações e a interação entre o pessoal de campo e as equipes que ficam em Brasília, atuando no monitoramento do trabalho e checagem dos dados.

Segundo Fábio Augusto, coordenador de Informações Estratégicas do Transporte na CNT, as inovações têm acelerado e elevado a precisão do trabalho. A coleta de dados, que antes podia demandar mais de 40 dias, caiu para 30.

A meta, para os próximos anos, é eliminar os formulários em papel. Além disso, os sistemas inteligentes poderão, aos poucos, ser postos a serviço dos usuários, de modo que a consulta às informações da pesquisa seja cada vez mais ágil e personalizada.

As próximas reportagens da série contarão como são realizados o trabalho de campo, a análise e a divulgação das informações da Pesquisa CNT de Rodovias. 

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