BR-101 registra mais de 120 mortes no Espírito Santo só em 2017

Número leva em conta dois graves acidentes na rodovia: em junho, foram 23 mortos em um único acidente; neste domingo (10), 11 pessoas que estavam em um micro-ônibus morreram.

Acidentes ocorridos nos mais de 460 quilômetros da BR-101 que cortam o Espírito Santo já mataram mais de 120 pessoas só neste ano. O último, neste domingo (10) na região de Mimoso do Sul, teve 11 vítimas.

Segundo balanço do primeiro semestre fechado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), de janeiro a julho deste ano foram 83 mortes em acidentes na BR-101 dentro do estado. Nesse período, ocorreram 1.071 acidentes na rodovia – uma média de 6 por dia.

O balanço inclui os 23 mortos no acidente de 22 de junho em Guarapari, entre um caminhão, um ônibus e duas ambulâncias, considerado a maior tragédia rodoviária do estado até hoje. Ainda de acordo com a PRF, quase um mês depois, em 26 de julho, o número de mortes na BR-101 já tinha chegado a 98.

A polícia ainda não tem um balanço fechado com os números de agosto e setembro, mas levantamento do G1 com boletins recebidos do Centro Integrado de Operações (Ciop), por email, mostra que, de 27 de julho até esta segunda, houve pelo menos mais 23 mortes no trecho da BR-101 dentro do ES, incluindo as 11 vítimas do acidente em Mimoso do Sul – totalizando ao menos 121 mortes na rodovia neste ano.

 Quem vive às margens da rodovia vê a realidade dos números diariamente. O vaqueiro Daniel André trabalha ao lado da BR-101 e relata ter medo de ser uma das vítimas. “Qualquer um fica com medo, um carro desgovernado vem e pega a gente aí. Qualquer um fica com medo”, afirma.

Perigos

Dos cinco trechos mais perigosos em rodovias federais que cortam o estado, 4 estão na BR-101, segundo levantamento da PRF feito em 2016, com o número de acidentes daquele ano . São eles:

  • entre o km 260 e 270: Serra, com com 125 acidentes graves e 13 mortes. Não há acostamento em alguns pontos desse trecho.
  • entre o km 290 e 300: Cariacica, com 62 acidentes graves e 10 mortes.
  • entre o km 270 e 280: Serra, com 50 acidentes graves e 5 mortes.
  • entre o km 140 e 150: Linhares, com 49 acidentes graves e 5 mortes.

Ao longo da rodovia no Espírito Santo, há sete postos para a cobrança de pedágios, com preços que variam de R$2,40 a R$5,50. Para atravessar toda a BR, o motorista paga em torno de R$ 30.

  1. Pedro Canário – Km 0,8: R$ 4,10
  2. São Mateus – Km 85,8: R$ 5,50
  3. Aracruz – Km 171,7: R$ 5,20
  4. Serra – Km 242: R$ 5,00
  5. Guarapari – Km 320,8: R$ 5,20
  6. Itapemirim- Km 398,9: R$ 4,40
  7. Mimoso do Sul – Km 452: R$2,40

Quem passa pela BR-101 diariamente reclama das condições da via, mesmo com a cobrança do pedágio. “É uma BR que é tomada por acidente, por imprudência, assim vai, desse jeito que você está vendo”, disse o motorista Gilson de Almeida.

O carreteiro José Melo afirmou que a imprudência também faz muitas vítimas. “Outro dia aconteceu comigo, um camarada ultrapassou em uma curva que não existia jeito ultrapassar, parei para falar com ele e ele ainda queria me bater”, lembrou.

Duplicação

Uma medida que poderia ampliar a segurança da rodovia, segundo os motoristas, é a duplicação da estrada. “Quantas pessoas vão precisar morrer para que eles façam alguma coisa?”, questionou um motorista.

Apesar de ser um pedido antigo dos capixabas e estar previsto em contrato, a concessionária que administra a via, Eco101, disse em julho de 2017 que a duplicação não será feita.

 A empresa afirma que, de 2014 até agora, arrecadou R$ 550 milhões com o pedágio, um valor abaixo do esperado. Segundo a concessionária, a arrecadação ficou comprometida por causa da crise econômica.

Na ocasião, o Ministério Público Federal abriu inquérito para investigar o descuprimento de contrato.

A Eco101 foi procurada pelo G1 nesta segunda-feira (11) para falar sobre a situação da BR-101 no Espírito Santo, mas até o momento não se pronunciou sobre o assunto.

Pedágio na BR-101, no Espírito Santo (Foto: Reprodução/ TV Gazeta)

Polícia Rodoviária Federal

Para o superintendente da PRF, Willis Lyra, é necessário o envolvimento de todos, inclusive de quem passa pela rodovia.

“Nós precisamos de mais fiscalização eletrônica, que não é somente radar, nós precisamos também de monitoramento. Nós precisamos melhorar o nosso trabalho. É claro que por mais que se coloque fiscalização eletrônica, aumente o número de policiais, nós precisamos que o condutor colabore com esse cenário”, afirmou.

“Não é tão somente a rodovia, tão somente a fiscalização, não tão somente a duplicação que vai resolver. Nós precisamos do envolvimento de todos. Precisamos que quando o condutor saia de casa, ele saiba que pode transitar num local que pode causar danos e lesões a outras pessoas e a ele mesmo”, disse Lyra.

Fonte: G1

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