Caminhoneiros brasileiros estão retidos no Chile há mais de 40 dias

Motoristas seguem isolados em uma hospedagem local, sem previsão de retorno ao Brasil. (Foto: reprodução)

Caminhoneiros brasileiros estão retidos no Chile há mais de 40 dias

Trabalhadores não podem retornar ao país devido as restrições sanitárias

Há mais de um mês, um grupo de caminhoneiros brasileiros que presta serviço para a empresa Mistral Tlog está retido no Chile, devido a problemas provocados pelas restrições sanitárias impostas pelo país.

De acordo com a contratante, no dia 8 de março, 40 motoristas ingressaram na Argentina pela fronteira de São Borja (RS) com destino ao Peru, realizando o transporte de veículos 0 km.

Já no dia 17 de março, os trabalhadores aguardavam o resultado do teste PCR para covid-19 na fronteira de Arica (Chile), quando dois motoristas testaram positivo. As autoridades locais determinaram o isolamento de todos os caminhoneiros, em hotéis – que funcionam como residências sanitárias – onde permaneceriam isolados por 14 dias e, posteriormente, liberados.

Segundo a Mistral Tlog, todos os 40 motoristas refizeram o teste e o resultado de todos foi negativo. Os profissionais deveriam ter seguido viagem, após o período de isolamento, mas ao tentarem ingressar em território peruano, foram impedidos pelas autoridades devido ao episódio ocorrido no Chile.

– Após solicitarmos ajuda ao Consulado Brasileiro em Santiago do Chile para este impasse diplomático, fomos orientados que os motoristas viajassem para Santiago e de lá retornassem ao Brasil e que motoristas peruanos ingressassem ao Chile para recolher os 40 caminhões –  revela o representante da empresa.

Ainda de acordo com a contratante, um ônibus foi fretado para transportar os motoristas de Arica para Santiago – aproximadamente 2000 km – onde deveriam ir para o aeroporto e, em seguida, voltar para o Brasil, chegando entre o dia 2 e 3 de abril.

– Com o aumento das restrições brasileiras para os voos internacionais não havia passagens aéreas muito menos voos. Solicitamos novamente ao Consulado Brasileiro que intervisse na situação e a solução foi a de fretarmos um ônibus para que os 40 motoristas voltassem de Santiago até a fronteira do Brasil via terrestre, atravessando pela Argentina – destaca o representante da empresa.

Desde o dia 4 de abril, os caminhoneiros seguem detidos em uma hospedagem em Los Andes (Chile), com restrições de circulação, aguardando a liberação do governo Argentino para a realização do translado. O Consulado Brasileiro foi acionado pela empresa e vem tentando intervir diplomaticamente no caso.

– Em 19/04 foi formalmente informado que a Argentina tinha negado o trânsito por seu território e começamos então a buscar novamente passagens aéreas para o retorno dos motoristas já que os voos estavam voltando a normalidade. Todos os passos do relato acima foram diariamente reportados ao Consulado Brasileiro em Santiago – Chile – afirma a empresa.

Segundo a Mistral Tlog, passagens aéreas foram adquiridas para repatriar os motoristas, pela Latam. A princípio foram obtidas 14 passagens e, nesta semana, outras 20 estão reservadas.

– No último sábado conseguimos repatriar por via aérea 14 dos 28 motoristas que estavam ainda em Los Andes (12 já haviam retornado ao Brasil). Temos já compradas outras 14 passagens aéreas para o dia 03/05/21 (única data disponível) –  afirma representante da empresa. “Enquanto isso estes 14 motoristas seguem no hotel tendo suas despesas de estadia e alimentação, etc. custeadas pela Mistral”.

Entretanto, alguns caminhoneiros relataram para outros veículos a respeito do descaso e abandono, em meio ao isolamento, e das condições precárias do local no qual estão retidos.

A empresa ressaltou que “durante este período difícil de muitos impasses, burocracia e dificuldade de comunicação com os organismos Argentinos responsáveis, a Mistral prestou toda assistência possível aos prestadores de serviços, fornecendo-lhes alojamento, alimentação, etc. além de enviar uma pequena quantia as famílias de cada um dos motoristas que, por questão de toda esta situação gerada pelas restrições impostas, já se encontravam em dificuldades financeiras em suas casas”.

A Mistral conclui reforçando que prestará assistência total aos motoristas e que os mesmos serão ressarcidos conforme padrão do mercado (diárias estabelecidas pelo sindicato da categoria para dias parados em viagens).

A redação do Chico da Boleia entrou em contato com o Ministério de Relações Exteriores e, por meio de nota, foi informada que:

O Itamaraty acompanha atentamente a situação e tem participado de reuniões com o setor brasileiro de transporte de cargas, com outros órgãos governamentais e com autoridades dos países vizinhos para buscar soluções às novas exigências sanitárias argentinas, chilenas e peruanas. Nesse contexto, o Itamaraty, junto com as Embaixadas do Brasil em Buenos Aires, Lima e Santiago, e em contato direto com as Chancelarias de Argentina, Chile e Peru, realizou gestões para solicitar prorrogação do prazo para cumprimento das medidas pelos transportistas brasileiros e propor adoção do modelo observado atualmente pelo Uruguai, que determina a realização de testes PCR em caminhoneiros no lado uruguaio da fronteira, com custos pagos pelo importador e sem necessidade de espera do resultado do exame.

Após gestões junto ao governo chileno, o Itamaraty obteve a flexibilização de medida inicial que impunha a realização, pelos caminhoneiros, de PCR 72 horas antes da chegada à fronteira chilena. A nova medida, menos estrita, determina a realização de PCR 72 horas antes da saída do caminhão da fronteira brasileira, o que confere maior prazo para as providências necessárias por parte dos motoristas e das empresas transportadoras.

O Consulado-Geral do Brasil em Santiago está em contato com a transportadora Mistral e com o grupo de 40 motoristas que se encontra retido em Los Andes, em razão do fechamento das fronteiras chilenas, e mantém diálogo permanente com autoridades chilenas para buscar soluções para esses e outros desafios decorrentes das novas exigências sanitárias.

O Itamaraty participa, ainda, de coordenação no âmbito do Governo Federal, liderada pela Casa Civil, com vistas a alcançar soluções definitivas para o problema.

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