CNTA é contra o possível aumento do teor de biodiesel na composição do diesel

Desde novembro de 2021 o índice de biodiesel acrescido é de 10%, valor que está mantido até 31 de março deste ano. (Foto: reprodução/Canva)

CNTA é contra o possível aumento do teor de biodiesel na composição do diesel

Entre os prejuízos causados pelo uso do biodiesel aos transportadores autônomos de cargas estão problemas mecânicos que elevam o custo com manutenção de caminhões

A possibilidade de aumento do teor de biodiesel na composição do diesel é vista como preocupante pela CNTA (Confederação Nacional dos Transportadores Autônomos) e requer a atenção especial e imediata do governo federal, do congresso nacional e da cadeia do transporte rodoviário de cargas.

Isso porque está marcada para o dia 17 de março a reunião do Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que deverá discutir o assunto. Desde novembro de 2021 o índice de biodiesel acrescido é de 10%, valor que está mantido até 31 de março deste ano.

Entre os prejuízos causados pelo uso do biodiesel aos transportadores autônomos de cargas estão problemas mecânicos que elevam o custo com manutenção de caminhões ou até mesmo causam paradas inesperadas na estrada. Tais problemas ocorrem devido ao processo químico (transesterificação) para obtenção do biodiesel.

Segundo a própria Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), desse processo decorre o produto éster, comercializado como biodiesel após purificação. O problema é que os sedimentos desse produto causam danos a peças automotivas.

Outro problema também atestado pela própria ANP, em nota técnica, é o fato do biodiesel absorver ainda mais água do que o diesel. “A água é um dos piores contaminantes para esses produtos. Eleva a acidez e favorece a formação de microrganismos que podem acidificar e degradar os produtos (…) levar a problemas nos motores, como perda de potência, problemas de arranque, corrosão, entupimento do sistema de alimentação e de outras peças automotivas”.

A nota explica ainda que o biodiesel produzido se submete a temperaturas mínimas ao longo do ano e que tal situação pode ocasionar cristalizações e formação de aglomerados que “podem causar entupimento de filtros e outros transtornos”.

Diante disso, a CNTA acredita que qualquer alteração no percentual de biodiesel carece de amplo debate técnico com atores que compreendem o setor do transporte rodoviário de cargas e não deve ser consolidada somente a partir de pressões políticas da indústria do biodiesel, baseadas em informações conflitantes, apresentadas por representantes do agronegócio no Congresso Nacional.

Mais do que isso, o próprio processo produtivo de biodiesel brasileiro necessita de estudos técnicos aprimorados para identificação dos impactos não somente ao transporte de cargas, mas para a cadeia produtiva no país.

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