Confiante, cadeia do transporte busca virada com a Fenatran 2017

A um mês do início do Salão Internacional do Transporte Rodoviário de Cargas (Fenatran), que nesta edição 2017 será realizado pela primeira vez no São Paulo Expo, entre os dias 16 e 20 de outubro, toda a cadeia do transporte rodoviário de carga já se movimenta para fazer do evento o início da retomada de uma das piores, senão a maior, crises já enfrentadas pelo setor em sua história no Brasil.

Por parte da indústria, as maiores montadoras já antecipam para a imprensa especializada seus lançamentos. A Volkswagen Caminhões e Ônibus/MAN acaba de exibir sua nova família de caminhões Delivery, que, com seis modelos a partir do inovador Express de 3,5 toneladas, pretende ganhar o mundo.

De acordo com o presidente da montadora, Roberto Cortes, a fábrica da MAN, localizada em Resende (RJ), chegará a uma produção anual de 100 mil unidades com o sucesso do novo caminhão leve, assim que o mercado nacional se recuperar e a exportações começarem pela América Latina a partir do ano que vem. A Fenatran será a maior vitrina do Delivery.

“Se antes o mercado doméstico era suficiente, agora não é mais”, diz Cortes. “Agora podemos almejar voos mais altos”, reforça. O executivo frisou ainda que a direção da empresa na Alemanha nunca deixou de acreditar no potencial brasileiro mesmo no pior momento da crise. Por isso, manteve o investimento de R$ 1 bilhão no projeto.

A Scania também acabou de apresentar sua linha de produtos para a imprensa especializada já visando a Fenatran. Entre os novos modelos, há o destaque para o Heavy Tipper, caminhão totalmente inovador, um modelo também internacional que será produzido no Brasil para atender a mercados de mineração.

Mercedes-Benz, Ford, Iveco, Volvo, DAF e Agrale, entre outras, também deverão apresentar novidades na Fenatran, cuja última edição não contou com muitos grandes expositores em razão da queda vertiginosa do mercado nacional que, desde 2014, reduziu para menos da metade as vendas de caminhões e ceifou milhares de empregos no Brasil.

Otimismo

Desde a última edição bienal da Fenatran, o mercado brasileiro nem de longe se recuperou da crise. Mas o cenário começa a se inverter, gerando uma expectativa de confiança. Mesmo que alguns setores ainda estejam muito aquém do potencial, outros se recuperam, como o agronegócio e a distribuição urbana.

De acordo com levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no acumulado do ano entre janeiro e agosto, as vendas de caminhões ainda estão 11% menores, em relação ao mesmo período do ano passado, mas a queda vem sendo atenuada, uma vez que 2017 iniciou com percentuais 25% menores em relação ao período anterior.

Segundo a Anfavea, em agosto, as vendas cresceram 6,6% ante julho e 9,9% em relação ao mesmo mês de 2016. Neste ritmo, é provável que o mercado feche 2017 com o mesmo volume comercializado no ano passado, cerca de 50,5 mil unidades. Entre os mais otimistas, existe até hipótese de até um pequeno crescimento.

“O mercado para caminhões tem sido muito difícil para o Brasil nos últimos anos”, diz o presidente da Anfavea, Antonio Megale. “Mas, com a capacidade desse setor, logo haverá uma retomada”, reforçou. Para a Anfavea, é provável que nos próximos dois anos, o mercado nacional de caminhões se estabilize tem torno de 120 mil unidades/ano.

Na produção, o pior já ficou para trás. Com as exportações, a produção de caminhões deve crescer 28% neste ano segundo as projeções da entidade que representa a indústria automobilística. Países da América Latina, África e Oriente Médio estão absorvendo parte da produção que antes era destinada exclusivamente ao mercado doméstico.

Também afetada fortemente pela crise interna, a indústria de implementos se esforça para encontrar seus próprios caminhos, acompanhando a indústria de caminhões, à qual está umbilicalmente interligada.

“Depois de dois anos consecutivos de queda nos negócios, as primeiras luzes de recuperação já começam a ser vistas”, diz Alcides Cavalcante, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir). “Outro fator importante de animação é a Fenatran, que nos dá uma excelente oportunidade de iniciar novos negócios.”

Brasil real

Em várias regiões de um país de dimensões continentais como o Brasil, a retomada dos negócios já pode ser observada, inclusive, com investimentos. É o caso de cidades com grande movimentação econômica localizadas em São Paulo e no Centro-Oeste.

“A recuperação econômica já começou nesta região e o potencial é enorme”, afirma o empresário Luciano Timoteo, que, mesmo em plena crise, decidiu apostar no investimento de uma nova loja de implementos na região de Presidente Prudente. Com a Librelider, revendedora da marca catarinense Librelato, ele vai atender a uma região de 80 cidades, inclusive, uma parte do Mato Grosso do Sul, como Três Lagoas.

Segundo o executivo, a localização da nova filial é estratégica, uma vez que a região concentra alto fluxo de caminhões que transportam cargas para o Centro-Oeste e, no sentido contrário, para o Porto de Santos e Grande São Paulo. “Estamos muito bem localizados, com acesso fácil em ambos os sentidos da rodovia.”

De acordo com Timoteo, a nova revenda Librelato foi inteiramente projetada para atender às demandas dos frotistas e autônomos da região, bem como para oferecer pós-venda, respeitando padrões de qualidade exigidos pelo mercado. O objetivo é ofertar soluções eficientes para clientes de qualquer tamanho.

Outro grupo que também está dando de ombro para crise é o ARC, distribuidor e comercializador de reposição de peças para caminhões. Localizada na principal rodovia da região, a Raposo Tavares Km 556, no município de Regente Feijó, a empresa pretende atingir cidades importantes, como Araçatuba, forte no comércio e na pecuária.

“Identificamos localmente grandes clientes como oficinas, usinas, autônomos, cooperativas e grupos de transportadores. Há uma importante demanda de peças para veículos pesados e o Grupo ARC reúne expertise para atender com eficiência a este público que busca serviços especializados dando, assim, maior dimensão a seus negócios”, diz Alessandro Poletto, diretor de marketing do grupo ARC.

São decisões como estas, de pequenos e médios empresários, que fazem a grande indústria retomar sua força e confiança. Quando as engrenagens nas regiões recomeçam, é um sinal de que a crise começa a perder força. Por sua importância, a Fenatran é um dos principais termômetros para a retomada de toda a cadeia que vive do transporte rodoviário.

Fonte: Future Transport

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