De Pai para Filho(a)! Os caminhoneiros que herdaram a profissão dos pais

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No mês que em se celebra o Dia dos Pais, homenageamos a todos os pais caminhoneiros do país que herdaram a profissão e que inspiram seus filhos e filhas no dia a dia.

Talvez nenhuma produção cinematográfica tenha sido capaz de representar com tanta sutileza e verossimilhança a realidade dos caminhoneiros brasileiros do que “À beira do caminho”. Dirigido por Breno da Silveira, o filme tem como personagem principal João, um caminhoneiro que, para fugir dos traumas passados, decide deixar sua cidade natal e viajar solitário pelo Brasil afora.
Além de contar o dia a dia das estradas, o filme revela aspectos importantes da vida dessa categoria de trabalhadores: ser pai. João, cuja esposa morreu acidentalmente, tenta esconder as marcas provocadas pela distância de sua filha, quem há muito deixou de ver por não ter superado as dores do passado.
Mas as ironias do destino levam o caminhoneiro a conhecer Duda, um menino que se esconde no caminhão de João durante um de seus carregamentos. Impossibilitado de deixar a criança na “beira do caminho”, João descobre que o garoto, órfão de mãe, busca pelo pai, quem fugiu para São Paulo antes mesmo dele nascer.

A paternidade é o que liga a história de João e Duda. O caminhoneiro sofre com a ausência da filha e o pequeno com a ausência do pai. Na busca por superar essas distâncias, homem e menino vão, aos poucos, se conhecendo e criando laços importantes de afetividade e solidariedade, ressignificando o passado e a condição de pai e filho.

A trilha sonora do filme, baseada nas canções de Roberto Carlos, dá um sabor especial ao enredo. E é a partir desse roteiro que contamos a história de pais e filhos da vida real. São eles os caminhoneiros que herdaram de seus pais sua profissão.

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Edson Bahia Miranda, caminhoneiro de 43 anos


É o caso de Edson Bahia Miranda, caminhoneiro de 43 anos, sendo 17 deles de profissão. “Eu amo o que eu faço, desde pequeno eu via meu pai trabalhando no caminhão. Naquela época eu não alcançava subir no caminhão e ele me ajudava, me colocava no colo.”, lembra Edson.

O início da profissão, apesar do exemplo do pai, foi uma escolha própria. “Eu achava bonito o que ele fazia e tomei aquilo pra mim”, explica Edson, sempre reiterando o quanto é apaixonado pelo que faz. E um dos motivos desse amor pela profissão de caminhoneiro é justamente a possibilidade de conhecer lugares e pessoas diferentes. Para Edson, estar numa boleia é sentir com plenitude a liberdade.

O caminhoneiro, no entanto, reconhece a importância do seu trabalho para as outras pessoas. “A gente tem que ter consciência de que outros dependem do nosso trabalho, nós contribuímos de forma indireta para todo o crescimento do país. Por isso é preciso sempre executar nosso trabalho com responsabilidade.”

Edson tem dois filhos, com os quais compartilha cada detalhe da sua profissão. Ao realizar viagens mais longas, queixa-se da saudade “A distancia é a hora mais difícil”, revela.

Edson também conta que leva os filhos junto dele quando estão de férias. O costume é partilhado pela maioria dos pais que trabalham como motoristas. Quando perguntado sobre o que o seus filhos pensam da sua profissão, Edson não hesita: “Eles valorizam bastante”, responde.

Apesar do reconhecimento no âmbito privado, o caminhoneiro alega que ainda é preciso receber da sociedade a mesma valorização. Além disso, é preciso que os próprios caminhoneiros se “auto reconheçam” como importantes.

“A pessoa quando faz o que ela gosta, já tem 80% de ganho e isso é notório nos motoristas. Alguns dos motoristas que eu conheço dirigem bem e tal, mas falta tratamento. Quando a gente trabalha pra uma empresa, a pessoa confiou a carga dela pra gente. Quando eu entrego a carga, tenho que representar a empresa. Mas o que eu vejo por aí é que tem gente que faz por fazer. Eu faço com amor, eu chego no cliente e faço questão de dar um bom dia, mesmo que eu não seja retribuído, mas eu faço por que eu gosto! Se todos fizermos isso, vão nos valorizar mais”, completou.

Apesar das contradições da profissão, Edson é contundente: “se me tirarem é volante, é como se tirassem um pedaço de mim”.

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Marcos Silva, caminhoneiro de 47 anos

História parecida é a de Marcos Silva, caminhoneiro de 47 anos. Na estrada há mais de duas décadas, o motorista dirige um caminhão traçado. Sobre a profissão, ele diz: “a gente tem que fazer o que gosta. Se não fizer o que gosta, nada dá certo”.
Pai de dois filhos, um jovem de 22 anos e uma garota de 15, Marcos batalha diariamente para educar e construir um futuro melhor para eles. “Quando a gente se torna pai, a gente passa a enxergar as coisas de forma diferente. Antes disso, a gente é mais irresponsável, mas quando a gente sabe que tem alguém esperando por nós em casa, passa a fazer tudo de forma mais consciente.”, revelou.

O motorista ainda acredita que a profissão deveria ser mais valorizada, para que ela não se perdesse pelo caminho. “Se a sociedade valorizasse mais o que a gente faz, ficaríamos mais motivados para passar adiante o que a gente aprendeu. Nossos filhos continuariam com nossa profissão assim como muitos de nós caminhoneiros herdamos dos nossos pais o que aprendemos. Mas o que eu vejo por aí é que muito motorista não quer que os filhos sigam a profissão”.

De acordo com Marcos, a maioria dos pais caminhoneiros não acha que o ambiente da estrada seja seguro para os filhos. Além disso, é quase unânime a queixa por melhores remunerações. “Olha, aqui na estrada, não tem um só pai que não tenha levado o filho ou a filha pra uma viagem, porque a gente gosta muito da companhia deles. Mas a gente sabe que é uma profissão de risco e às vezes se pergunta se é realmente o caminho certo para eles”, expressou.

Essa dúvida parace não ter existido na família Machado. Naturais do Espírito Santo, José Antônio, Augusto e Thiago Machado fazem parte do mesmo clã familiar e compartilham da profissão de caminhoneiro. José Antônio é o pai, Augusto e Thiago os irmãos que cresceram na boleia e nela continuaram na vida adulta.

“A gente sempre viajou com nosso pai. Além dele, temos outros tios que são caminhoneiros e que levavam seus filhos, inclusive as meninas, para viajar durante as férias. Quando as rotas eram parecidas, então, era uma festa pra criançada”, contou Thiago.

José Antônio conta que começou na profissão muito cedo e já soma mais de 40 anos como motorista. “Eu já puxei de tudo, já vi muita coisa, mas acho que se eu sair da estrada acabo ficando doente”, brincou.

O caminhoneiro conta que, desde menino, ficava vendo os caminhões de madeira que passavam pela estrada de terra que cortava o bairro onde ele morava, na cidade de Serra. Quando garoto ele se impressionava com o tamanho dos veículos e ficava pensando como era possível carregar tanta madeira.

“A gente menino se arriscava muito, corria atrás do caminhão. Nossa brincadeira era pedir carona na beira da estrada. Só que quando eles perguntavam onde a gente queria ir, ninguém sabia responder. A gente só queria passear mesmo naqueles caminhões”, contou José.

Os filhos herdaram a habilidade do pai. Augusto e Thiago trabalham para transportadoras diferentes, enquanto que o pai segue sendo autônomo. Mas o trio ainda sonha em montar a própria empresa. “A gente nunca perdeu a esperança de conseguir montar uma empresa nossa. Numa época a gente tinha quatro caminhões, mas a vida deu uma reviravolta e a gente teve que vender dois deles”, contou Augusto.

Célia, esposa de José Antônio e mãe de mais 3 filhos, além de Augusto e Thiago, se enche de orgulho para falar da profissão da família. Mas revela: “quando eles eram mais jovens e saiam todos juntos eu ficava com o coração na mão. Sem contar a saudade que e sempre companheira de esposa de caminhoneiro. A gente se acostuma a ver eles pouco”, expressou.

Como no filme “À beira do caminho”, as histórias de Edson, Marcos, José, Augusto, Thiago e Célia são o retrato da relação entre a vida de caminhoneiro e os laços entre pais, filhos e filhas. Quem duvida que nesse Brasil afora existam muito mais histórias de pai para filho (a) como estas?

DPaschoal promove café da manhã de Dia dos Pais

Aproveitando a comemoração do Dia dos Pais, a DPaschoal, maior rede de centros automotivos do país, promoveu um café da manhã especial com convidados e clientes em sua sede administrativa de Campinas.

Na ocasião, Wagner Trentino, Gerente de Frota da DPaschoal em São Paulo, destacou que a intenção do café da manhã promovido pela empresa é cuidar bem dos clientes. “Nossos clientes caminhoneiros sempre relatam as dificuldades vividas no dia a dia. Por isso, a gente quer fazer um agrado para eles, para que eles se sintam bem, se sintam confortáveis e em casa quando vierem aqui ou qualquer uma das nossas lojas”, afirmou.

Em entrevista para Chico da Boleia, o vendedor Edson Paulo Nunes frisou que a ação teve como objetivo celebrar não só os pais, mas também os caminhoneiros e outros clientes que são pais e que vivem do dia a dia nas estradas.

“Aqui na DPaschoal buscamos atender sempre com excelência os clientes. Aqui é como se os caminhoneiros fossem da nossa família, por isso para nós é tão importante lembrar e celebrar essa data”, afirmou.

A empresa conta uma gama variada de opções em produtos e serviços. Prezando pela qualidade e pelo bom atendimento, a DPaschoal oferece quatro tipos de pneus para ônibus caminhões: convencional, urbano, rodoviário e misto. Além disso, os clientes encontram serviços de manutenção como balanceamento, alinhamento, regulagem de faróis, entre outros.

Da casa para os caminhões da Fórmula Truck
Aurélio Batista Félix | Foto: Divulgação
Aurélio Batista Félix | Foto: Divulgação

A transmissão da profissão entre pai e filho também também ganhou as pistas de corrida. Aurelio Batista Félix Junior, filho do caminhoneiro e criador da Fórmula Truck Aurélio Batista Félix, herdou do pai a habilidade e a destreza com o volante.

Atualmente, o jovem de 20 anos realiza, ao lado da irmã Danielle, o Show de Caminhões, espetáculo de manobras com os caminhões da Fórmula Truck nos autódromos do Brasil. “Eu comecei muito jovem, tinha apenas 12 anos”, conta Juninho em entrevista à Chico da Boleia.

Após o falecimento do pai, em 2008, Juninho assumiu, ao lado das duas irmãs, a tarefa de executar o show. Seu momento de maior emoção foi quando entrou no caminhão pela primeira vez. “Eu tremia, chorava, lembro que me emocionei muito. Foi inesquecível”, revela.

Outro momento de forte emoção foi quando o trio realizou o Show de Caminhões em Buenos Aires, na Argentina. “Naquela hora me deu um branco e quando eu vi eu já tinha feito o show, o público vibrava muito. Tinha muita gente no autódromo aquele dia”, relembra.

 Aurelio Junior e Danielle nas manobras de caminhões  Foto: Larissa Riberti
Aurelio Junior e Danielle nas manobras de caminhões | Foto: Larissa Riberti

Atualmente, o Show de Caminhões é composto de manobras como o zerinho, o cavalinho de pau e a mais arriscada, quando dois caminhões aceleram de frente e desviam um do outro no momento certo evitando a batida. Obviamente que toda a apresentação é ensaiada e feita dentro de padrões de segurança.

Para o ano que vem, Juninho prepara uma surpresa. “Eu quero andar em duas rodas. Era uma coisa com a qual meu pai sonhava, mas nunca conseguiu fazer. Eu estou batalhando para que eu consiga realizar a manobra”, explicou.

Texto: Redação Chico da Boleia

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