Assaltos acontecem com maior frequência no Vale do Itajaí e na região Norte
O presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, informou que medidas estão sendo tomadas para combater esse tipo de violência que gera prejuízos à população. “Apoiamos um projeto na Alesc (Assembleia Legislativa de Santa Catarina) para a cassação da inscrição estadual do receptador. Também estamos trabalhando na formulação do marco regulatório e a empresa ou o motorista envolvidos nesse tipo de roubo ficarão 10 anos sem o registro. Também já estive reunido duas vezes com a SSP”, explicou.
Ari lamentou o prejuízo com a perda de arrecadação com os crimes desta natureza, em função da evasão fiscal dos produtos revendidos sem nota fiscal. Segundo a Fetrancesc, R$ 1,120 bilhão em mercadorias foram roubadas em 2015. Nos últimos 18 anos foram mais de R$ 13,455 bilhões perdidos nas rodovias e centros urbanos.
Quem já sentiu na pele um assalto foi o presidente do Sindicargas (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas da Região de Florianópolis), Ruy Gobbi, que tomou duas facadas no peito. “Na região metropolitana temos apenas pequenos roubos durante as entregas, mas em outros locais do Estado o roubo é do tipo lotação, quando levam a carga inteira. A categoria quer mais fiscalização, investigação e mais rastreamento pelos embarcadores”, reivindicou.
No Brasil, 75% das ocorrências acontecem em áreas urbanas e 25% nas rodovias. Durante os assaltos, 20% dos veículos de carga não são recuperados.
Ocorrências de roubo de carga em Santa Catarina
2008 – 69
2009 – 99
2010 – 74
2011 – 91
2012 – 117
2013 – 176
2014 – 172
2015 – 162
2016 – 258
2017 – 129*
*até o dia 3 de julho
Fonte: Fetrancesc
Crescimento de 62,79% de 2015 a 2016 no Estado
Os números divulgados pela Fetrancesc revelam um crescimento no número de assalto a veículos de carga de 2015 a 2016. Foram mais 96 crimes, que representaram um aumento de 62,79%. Em 2017, o ritmo das ocorrências é o mesmo do ano passado e já ultrapassou o total de 2012.
Para o presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, a crise econômica contribuiu para o aumento da criminalidade. “Não temos um motivo claro e específico, mas acredito que a crise pela qual passou o Brasil naquele momento contribuiu para o crescimento dos roubos a cargas”, observou.
Em Santa Catarina, as cargas mais roubadas são de carnes, bebidas, cobre, linha branca e polipropileno. No Brasil, os produtos farmacêuticos, químicos, alimentícios, metalúrgicos, cigarros, eletroeletrônicos, combustíveis e autopeças são os mais visados pelos ladrões.
Caminhoneiro não aceita transporte para o Rio de Janeiro
Com quase um assalto por dia, Santa Catarina ainda está longe do estado mais violento no número de cargas roubadas. O Rio de Janeiro chega a ter 27 ocorrências diárias. O caminhoneiro Eder da Silva, 38, trabalha em uma empresa familiar com cinco caminhões. Eles aceitam transportes para quase todo o Brasil.
“Ainda não fui assaltado porque tenho muito medo e adoto várias medidas de segurança. Uma delas é a de não aceitar transporte para o Rio de Janeiro. Não há valor de frete que pague a sua vida e, por isso, tomamos essa decisão. Também só paro em postos de combustíveis de bandeira e paradas conhecidas pelos caminhoneiros”, informou.
O presidente da Fetrancesc, Ari Rabaiolli, informou que a categoria estuda em fazer um movimento de paralisar o transporte para o Rio de Janeiro, com o objetivo de sensibilizar as autoridades. “Temos informações de uma carga avaliada em R$ 500 mil que foi vendida em duas horas em uma favela carioca pelo valor de R$ 50 mil. São crianças, homens e mulheres que vendiam essa mercadoria”, contou.
Somente a região Sudeste concentra de 76% a 86% dos roubos a cargas. O Nordeste tem 5,5% a 11% das ocorrências, o Sul de 4,5% a 10%, o Centro-Oeste de 2% a 3,5% e o Norte de 0,5% a 1,5%.
SSP-SC deve criar divisão até dezembro de 2017
Por meio da assessoria de imprensa, a SSP-SC (Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina) informou que uma divisão especializada em roubo de carga deve ser criada até o fim de 2017. Atualmente, as DICs (Divisões de Investigações Criminais) já apuram essas ocorrências no Estado.
A nova estrutura deve ser formada após a formatura de novos policiais civis no fim do ano. A divisão terá um delegado e um determinado número de agentes, que ainda não foi definido pela secretaria. Essa unidade será ligada a Deic (Diretoria Estadual de Investigação Criminal).
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