Especialista explica aumento dos casos de dengue e dá dicas de combate ao mosquito

(Imagem: reprodução/Freepik)

Redação Chico da Boleia

Dados do Ministério da Saúde apontam mais de 500 mil casos de dengue em todo o país desde o início do ano, esse número é quatro vezes maior do que o registrado em 2023. A pasta do governo federal ainda revela que foram confirmadas 75 mortes devido a doença.

A situação é tão grave que os estados de Minas Gerais, Acre, Goiás, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Santa Catarina e o Distrito Federal decretaram situação de emergência. Algumas dessas regiões são as que apresentam o maior índice da doença.

Para entender o motivo de tantos casos de dengue e quais são as melhores formas de combate ao mosquito transmissor, a redação do Chico da Boleia conversou com Carolina Polido, professora e coordenadora do curso de Enfermagem da Estácio. Confira a entrevista completa:

Redação: Por que o número de casos de dengue no país aumentou tanto no início do ano (quando comparamos ao mesmo período de 2023)?

Carolina: O clima quente e chuvoso do verão do Brasil é propicio para a propagação do mosquito, e os fenômenos naturais do aquecimento global tem forte influência nesse aspecto. Além disso, o acúmulo de materiais que possam ser criadouros tem papel importante no desenvolvimento das larvas.

Junto com essa situação, as variantes do vírus estão mudando, provocando uma nova epidemia.

Redação: Quais são as principais formas de prevenção? De que forma a população pode eliminar os criadouros?

Carolina: A melhor prevenção coletiva é a eliminação de criadouros. Tudo que pode acumular água limpa e parada é um possível criadouro, e isso vale para papéis de bala, tampas de garrafas, caixas d’água, vasos de plantas, latas. Por isso, fazer o descarte correto do lixo é extremamente importante.

O mosquito pode viver por até 45 dias e colocar até 450 ovos, que são extremamente resistentes, podendo viver se água por 300 a 400 dias. Sua capacidade de voo pode chegar a 300m de distância, então não há solução melhor do que eliminar os criadouros.

Vale lembrar que o fumacê, muito utilizado no Brasil, mata somente os mosquitos, e não elimina as larvas.

Para fazer a sua parte, descarte o lixo sempre no local correto e utilize medidas de prevenção individual, que são os repelentes do mosquito para a pele ou para ambientes.

Redação: Quais são os principais sinais e sintomas em caso de contágio? Como é realizado o diagnóstico?

Carolina: Os principais sintomas são febre, dor no corpo, dor no fundo dos olhos, mal-estar. Também podem aparecer manchas vermelhas pelo corpo.

O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais com pesquisa de anticorpos do dengue – os chamados exames de sorologia.

Redação: Em caso de suspeita, como a pessoa deve proceder?

Carolina: O ideal é procurar o posto de saúde mais próximo e sua casa para iniciar o tratamento. Se você estiver com sintomas muito fortes, procure um atendimento de urgência/emergência, mas não deixe de ir no posto mais próximo de você. É do posto que sairá a notificação de casos suspeito para que outros órgãos, como a vigilância epidemiológica e sanitária, possam fazer intervenções comunitárias.

Redação: Como a doença pode progredir para um caso grave e quais as consequências?

Carolina: Os casos mais graves são identificados pelas alterações nos exames e pela piora do estado clínico do paciente, que muitas vezes começa a ter dor abdominal ou pequenos sangramentos nas gengivas e nariz. O tratamento correto ajuda a identificar estes sinais e evita outras complicações – por isso é importante ir ao posto de saúde se você estiver com suspeita de dengue ou com sintomas da doença.

Casos graves de dengue podem levar a internações hospitalares e mesmo à morte.

Redação: Com a chegada da vacina às unidades de saúde, poderia explicar como a mesma funciona, quais as vantagens da imunização e para quais públicos é indicada?

Carolina: A vacina do dengue funciona como outras vacinas virais – o vírus é “enfraquecido” em laboratório e, após injetado em nosso corpo, nosso sistema imunológico consegue reconhecê-lo e produzir anticorpos para que a gente se proteja sem que a gente manifeste a doença.  Isso é importante para que, em caso de contato com o vírus não atenuado (enfraquecido), nosso corpo já tenha as ferramentas para combatê-lo e a doença seja mais branda.

Atenção – as vacinas não impedem que você tenha a doença, mas sim que você a tenha de forma mais leve. Essa é a grande importância das vacinas. Todas elas.

Neste primeiro momento as vacinas contra o dengue chegarão somente para a população que tem mais chances de desenvolver formas graves da doença – crianças e adolescentes, já que é nessa faixa etária que se concentra o maior número de hospitalização por dengue. São necessárias duas doses com intervalo de três meses para a imunização. Ao longo dos próximos anos, com o aumento da produção da vacina, mais pessoas serão vacinadas.

Importante ressaltar que o Instituto Butantã está trabalhando para a aprovação de uma nova vacina, tão segura quanto a que será distribuída pelo SUS, e que precisará de apenas uma dose, aumentando o alcance e a oferta do imunizante para nossa população.

Imagem: Freepik

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