Orgulho de ser Caminhoneira

“Minha vida é andar por esse país

Pra ver se um diz descanso feliz

Guardando as recordações

Das terras onde passei

Andando pelos sertões

E dos amigos que lá deixei”

Este verso da música Vida de Viajante, de Luiz Gonzaga dá a real dimensão do orgulho de ser caminhoneira e a certeza de um dia estar aqui, outro dia, estar ali. É um orgulho que só sente quem tem o privilégio de rodar por este país abençoado por Deus e bonito por natureza levando nas costas as riquezas que brotam da sua terra fértil e as riquezas produzidas pelo braço forte de sua gente.

Tânia Rampim (Caminhoneira Itapirense)

A vida de caminhoneira é apaixonante e dá orgulho por saber que as pessoas consomem os produtos que nós levamos, apesar de não termos o respeito que merecemos. A vida é sofrida? Sem dúvida! Mas eu prefiro esquecer o lado ruim da profissão (que qualquer profissão tem) e prefiro ficar com o lado bonito. Quantas pessoas têm o privilégio de sair de Itapira e, uma semana depois, estar na Bahia ou estar um dia no Rio de Janeiro, outro dia em Brasília e outros dias mais tarde em Bonito? Quem tem o privilégio de, dia após dia, ver a paisagem mudar pela janela do Scania pintado com um reluzente vermelho e um enorme V8 prateado em cada lateral?

Outra coisa que emociona na profissão é o entendimento mulher/máquina. Parece que um sabe das necessidades do outro e as atende soberbamente. Até a manutenção, que para muitos é só uma tarefa suja e desagradável, para mim, é motivo de prazer e orgulho. É a hora que eu “converso” com o caminhão e sei o que ele precisa. Então, eu resolvo as dores dele sempre com peças originais e uma boa dose de carinho porque graças a ele, eu tenho o privilégio de fazer o que faço e começar a conhecer cada centímetro quadrado desse país-continente chamado Brasil cantado em prosa e verso não só pelo Rei do Baião como por tantos outros mestres da música.

A vida atrás do volante proporciona façanhas impossíveis em outras profissões. Onde, alem de estar em qualquer lugar do país a qualquer hora do dia ou da noite é possível ter amigos, verdadeiros irmãos em todos os lugares desse país continental? Onde é possível saber que efetivamente você contribui para a produção das riquezas do país? Sem caminhão não tem alimento, não tem carro, não tem roupa, nem quase nada do que se imagina que a mão do Homem possa produzir.

Aos que dizem que caminhão não é coisa para mulher, eu provo dia a dia que é sim! Os machistas de plantão ficam sem argumentos. Há alguns anos nem volante de carro de passeio era coisa para mulher. E hoje é impossível não encontrar uma mulher ao volante de um carro, de um ônibus ou caminhão, muitas vezes com mais competência do que muito homem. Caminhão exige sensibilidade, delicadeza, uma fineza que pouquíssimo homem tem. E com certeza com um Scania eu vou muito longe fazendo bonito e aprendendo um pouco mais com muito amor e carinho e acima de tudo com muita atenção e cuidado no trânsito.

Tânia Rampim Qra Rampinha.

Caminhoneira Itapirense

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