Protestos pelo Brasil: Planalto reage a bloqueio de rodovias

Dilma reage contra bloqueio de estradas e manda PF abrir inquérito para investigar locaute


O governo decidiu, ontem, endurecer contra o bloqueio de estradas federais e estaduais por caminhoneiros, que pode levar ao desabastecimento de alimentos e combustíveis em algumas cidades. Pela manhã, a presidente Dilma Rousseff recorreu ao lema “Ordem e progresso” da bandeira brasileira para dizer que o governo não aceitará a interdição de rodovias.
O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou que a Polícia Federal abra inquérito sobre possível prática de locaute (greve de patrões) no protesto comandado por Nélio Botelho, do Movimento União Brasil Caminhoneiro (MUBC). O ministro da Advocacia Geral da União, Luis Inácio Adams, orientou a Petrobras a cancelar contratos da estatal com a empresa de Botelho.
Segundo Adams, a empresa de Botelho mantém 39 contratos, no total de R$ 4 milhões por mês, com a estatal. Adams afirmou ainda que a Justiça também determinou a imediata execução de uma dívida de R$ 6 milhões do MUBC, referente a multas aplicadas por descumprimento das ordens judiciais que proíbem o bloqueio total ou parcial de rodovias federais.
Ontem, os caminheiros mantiveram estradas interditadas durante todo o dia em 6 estados – Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, mas à noite os bloqueios começaram a ser desfeitos, e a Polícia Rodoviária Federal só registrava estradas interditadas em Mato Grosso, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Ao todo, 15 caminhoneiros foram presos durante os protestos.
Dilma e os ministros decidiram endurecer contra o protesto dos caminhoneiros por receio de que as manifestações resultem em desabastecimento e envenenem o clima político do país. Em solenidade no Palácio do Planalto, a presidente advertiu os caminhoneiros:
– O meu governo não ficará quieto perante processo de interrupção de rodovias. Porque também na nossa bandeira tem a palavra “ordem”. E ordem significa democracia, mas significa respeito às condições de produção, da circulação e da vida da população brasileira. Não tenham dúvidas: o governo não negocia isso. Não concordamos com processos que levem a turbulências nas atividades produtivas e na vida das pessoas.
“O brasil precisa de ordem para a democracia”
Dilma fez questão de diferenciar os bloqueios de estradas das manifestações pacíficas que tomaram as ruas em todo o país:
– Uma coisa são manifestações pacíficas, que muito engradecem o país. Outra coisa, completamente diferente, é acreditar que se possa viver sem estabilidade e normalidade. Certos tipos de processo são disruptivos da ordem prevalecente. E o Brasil precisa de ordem para a democracia.
Cardozo também determinou que a Polícia Rodoviária Federal prenda manifestante que cometer crimes e multe infrações de trânsito:
– O governo não vai tolerar a prática de crimes ou abusos por quem quer que seja. A Polícia Federal vai apurar com rapidez todos os fatos narrados. Os responsáveis sofrerão as sanções penais e cíveis cabíveis. A sociedade brasileira não tolera o descumprimento da lei. O governo agirá com o máximo rigor.
A PF deverá investigar o suposto locaute do grupo de Nélio Botelho a partir de dados fornecidos pelo Ministério dos Transportes. Segundo o ministro César Borges, Botelho estaria atuando em defesa dos interesses financeiros da empresa dele, e não dos motoristas de caminhão.
Borges argumenta que outras entidades de caminhoneiros informaram ao governo que não fariam o protesto. Mas, ainda assim, Botelho teria insuflado a categoria a paralisar o trânsito em rodovias federais.
– Botelho é um frotista. Tem frota de caminhão. Tem contratos elevados com empresas, e o que ele propõe é o desabastecimento do país, seja de combustível ou seja de alimentos, levando o caos à sociedade e à economia – disse Borges.
O ministro considerou descabida parte das reivindicações do grupo de Botelho, como subsídio do diesel e suspensão de pedágios para caminhoneiros. Lembrou que o diesel já é subsidiado, e que não cobrança de pedágio implicaria romper contratos assinados com concessionárias.
Adams afirmou que a Justiça Federal no Rio e em Minas acolheu pedido da AGU e proibiu o bloqueio total ou parcial das rodovias no país. O descumprimento da ordem implica multa de R$ 100 mil por hora aos chefes do protesto:
– A administração não pode e não deve manter contratos com quem pratica atos ilícitos.
Por 17 votos a quatro, a banca ruralista aprovou ontem, numa comissão especial da Câmara, alterações na chamada Lei do Motorista. A jornada de trabalho do caminhoneiro será ampliada para 12 horas por dia. Hoje, a legislação prevê, no máximo, dez horas. Além disso, um motorista poderá dirigir por até seis horas consecutivas sem parar para descanso. A lei atual limita em quatro horas o período ininterrupto ao volante.

O globo

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