Setor de transporte se prepara para o futuro

Participantes do Workshop Inovar, Capacitar, Avançar

 

Desafios impostos pelas novidades tecnológicas – que surgem cada vez mais rápido – demandam criatividade, experimentação e adaptação à mudança

Prever todas as transformações que ocorrerão nos próximos anos não é algo possível de ser feito. Mas é certo que o mundo está mudando em um ritmo cada vez mais acelerado; não há como lutar contra esse movimento. Assim, por mais que as novidades – principalmente as tecnológicas – causem algumas incertezas, o jeito é estarmos prontos para recebê-las, incorporá-las e, dessa forma, mudarmos com o mundo.

O setor de transporte brasileiro está dando os primeiros passos a fim de se preparar para o futuro e para essas transformações. Entre os dias 24 e 26 de julho, foi realizado o Workshop Inovar, Capacitar, Avançar, primeiro projeto do Fórum de Inovação do Transporte. O evento ocorreu na sede da CNT (Confederação Nacional do Transporte), em Brasília, e foi produto de uma parceria com a Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, por meio do mediaX, um catalisador de parcerias setoriais e acadêmicas que analisa o impacto das tecnologias sobre a sociedade.

Durante o workshop, integrantes do Fórum (que reúne representantes de todos os modais de transporte) assistiram a apresentações que abordaram a inovação sob diferentes perspectivas. Eles também participaram de atividades e tiveram acesso a metodologias capazes de auxiliar no planejamento dos próximos anos do setor.

“Esse foi o primeiro passo de um desafio grande, que é desenhar o transporte do futuro. O que buscamos é ser catalisadores desse processo”, explica o diretor internacional da CNT, Harley Andrade. Segundo ele, o setor deve ter uma postura proativa de análise e preparação para as mudanças. “Vivemos um momento de crise econômica e é difícil pensar no futuro quando se está preocupado em sobreviver. Mas é fundamental que o façamos. Temos que criar alternativas, oportunidades e uma situação melhor para atrair investimentos, com segurança jurídica, menos burocracia, além de oferecermos serviços alinhados às novas demandas.”

Promover a inovação no setor não é algo que ocorrerá de uma hora para a outra. Nem depende de ideias revolucionárias. Conforme Tamara Carleton, instrutora da Universidade de Stanford e professora visitante do Instituto de Tecnologia Waseda, no Japão, isso se constrói aos poucos. “Se você quer trabalhar com grandes mudanças, deve dar pequenos passos. Tudo isso leva tempo e prática. Passos para fazer progressos, para mostrar uma mentalidade positiva e encorajamento para todos os envolvidos.”

Para ela, há muito trabalho a ser feito no transporte brasileiro, mas o caminho começou a ser trilhado. “O fato de nosso time de Stanford fazer parte dessa conversa é excelente, porque nos mostra que as pessoas do setor querem mudar, acreditam na mudança e querem trabalhar com diferentes parceiros para fazer essa mudança acontecer.”

Transformação com pessoas

Embora costume-se associar o conceito de inovação à tecnologia, a diretora-executiva da mediaX, Martha Russell, destaca que são as pessoas que devem estar no centro desse processo. “Eu acho que o Brasil tem enormes recursos para criar o futuro do transporte e para empoderar as pessoas a participarem desse futuro”. Por isso, destaca a importância de se construir uma cultura de inovação, com estímulo à criatividade e às novas ideias. “Criar um ambiente em que se permita tentar coisas novas e celebrar o que funciona é o melhor caminho para chegar ao futuro que nós queremos compartilhar”, afirma.

Para a diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, o futuro é um campo de oportunidades. “A gente tem que focar nas pessoas, incentivar que elas pensem em como contribuir para essa construção. E nós, em conjunto, principalmente no SEST SENAT, podemos desenvolver técnicas para pensar na melhoria do setor, voltados para a inovação e a tecnologia”, avalia. Ela ressalta, ainda, que apesar da tendência de automação de atividades, outras áreas de atuação surgirão. Desse modo, é essencial capacitar os profissionais para as novas competências que o mercado de trabalho deve exigir nos próximos anos.

Segundo o diretor do ITL (Instituto de Transporte e Logística), João Victor Mendes de Gomes e Mendonça, as informações e as metodologias apresentadas no workshop serão levadas a todos os modais. “É preciso criar uma mentalidade receptiva para entender essa realidade e se colocar à disposição para a inovação. Ficou muito claro que isso é mais importante do que as tecnologias que serão criadas”, avalia. Segundo ele, esse é um dos objetivos centrais do ITL nos projetos desenvolvidos pelo Instituto. “Buscamos colocar executivos e gestores do transporte conectados com o que há de mais moderno no mundo, para contribuir com o desenvolvimento e com o ganho de competitividade do setor.”

Para os integrantes do Fórum de Inovação do Transporte, o workshop forneceu ferramentas valiosas e debates instigantes sobre os desafios que estão no horizonte do setor.

Fórum de Inovação do Transporte debate projetos

Após a conclusão do Workshop Inovar, Capacitar, Avançar, ocorreu a primeira reunião do Fórum de Inovação do Transporte. No encontro, os integrantes do grupo iniciaram a construção de um road map para o setor transportador.

Segundo o diretor do Escritório da CNT na Alemanha, Thiago Ramos, por meio dessa ferramenta, busca-se definir uma visão de futuro para o transporte brasileiro e um plano de desenvolvimento para alcançá-lo.

road map reunirá, de forma integrada, informações como: necessidades de investimentos e de capacitação; gestão empresarial e visão estratégica; segurança jurídica e operacional; entre outros fatores. Conforme Thiago Ramos, isso é fundamental para que as tomadas de decisões no setor sejam estruturadas e sistêmicas.

Outros projetos estão em discussão pelo Fórum de Inovação do Transporte, entre os quais estão iniciativas em parceria com grandes empresas de tecnologia, como Google e Waze, e uma aceleradora de startups, que buscará apoiar novas empresas voltadas para inovação no setor de transporte.

Fonte: CNT

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