Pelo menos dez motoristas do transporte de cargas ou passageiros são flagrados por dia no exame toxicológico, capaz de detectar no organismo a presença de drogas como maconha, cocaína e o famoso rebite – usado principalmente por caminhoneiros para inibir o sono. No entanto, o teste realizado desde 2016 pode estar com os dias contados. O Congresso Nacional analisa Projeto de Lei, da União, que extingue essa obrigatoriedade.
Atualmente, precisam passar pela análise os condutores das categorias C, D e E – tanto para primeira habilitação para renovação da carteira. O fim da exigência divide opiniões entre condutores e até mesmo a dos especialistas de trânsito. Alguns cobram medições mais precisas e, principalmente, fiscalização constante para pegar os infratores na estrada, enquanto dirigem.
O teste aponta o uso de entorpecentes nos últimos 90 dias. O motorista habilitado precisa fazer o exame a cada cinco anos. “Não interessa se ele usa droga, o problema é o momento em que usa. O perigo é quando ele está dirigindo sob o efeito delas”, diz o diretor da Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet), Dirceu Alves.
Ele sugere a adoção de mecanismos mais eficientes. “Como o drogômetro (aparelho capaz de detectar substâncias ilícitas durante as blitze), que indica esse uso”.
A Polícia Rodoviária Federal (PRF) não comentou sobre o possível fim do exame toxicológico, mas informou que o Estado não tem drogômetros.
Presidente do Sindicato dos Caminhoneiros de Minas, José Natan Emídio Neto é favorável à manutenção do teste. Ele reconhece o perigo do consumo de drogas e álcool na estrada. “É importante, pois previne que os motoristas usem entorpecentes. Mesmo ele sendo realizado a cada cinco anos, gera uma preocupação no profissional”, avalia.
Caminhoneiro há 40 anos, Manoel Nery tem mesma opinião. Para ele, o exame ajuda a evitar acidentes e mortes nas rodovias. “Apesar de a gente ter que pagar caro, sou a favor. Há muitas pessoas irresponsáveis na boleia dos veículos”.
“JÁ USEI”
Um condutor, que pediu para não ser identificado, confessou que, por quatro anos, usou rebite para se manter acordado por mais tempo. “Usava para adiantar as viagens. Hoje, sou totalmente contra qualquer droga, pois entendo os riscos que provoca, principalmente para quem está na direção de um caminhão”.
O governo federal alega que o teste é caro (R$ 220) e ineficaz. Até o momento, nenhuma alternativa para substituí-lo, caso seja extinto, foi definida.
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